Em gravação, Sarney afirma que Temer negociou “certas condições” com oposição
José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República, afirmou ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que a oposição no Congresso ainda resistia à ideia de apoiar o Governo Temer e que este só foi aceito após “certas condições”.
Tais condições, no entanto, não foram detalhadas. A resistência da oposição, segundo o peemedebista foi vencida após o presidente do Senado, Renan Calheiros, intervir. “Nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Eles aceitam o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam. Depois de uma conversa do Renan muito longa com eles, eles admitiram, diante de certas condições”, disse Sarney a Sérgio Machado.
Segundo divulgou o jornal Folha de S. Paulo, Sarney fez tal comentário após Machado fazer referência às investigações da Operação Lava Jato e dizer que o PSDB sabia que eram a “bola da vez”. Ao que Sarney respondeu: “eles sabem que não vão se safar”.
De acordo com o ex-presidente da Transpetro, tinha que ser “construída” alguma “solução”, segundo a qual “Michel tem que ir para um Governo grande, de salvação nacional, de integração”. Sarney afirmou que teve conversa com o agora presidente interino Michel Temer e que “tudo isso está na cabeça dele, tudo isso ele já sabe”.
Prisão de Delcídio
Machado observou que o Supremo “havia rasgado a Constituição” ao autorizar a prisão de Delcídio Amaral, em novembro do ano passado. Sarney respondeu que “pior foi o Senado se acovardar de uma maneira…”.
Segundo ele, o Senado “não podia” ter concordado com a prisão. “Aquilo é uma página negra do Senado”.
Renan Calheiros
Sarney alertou para a “ingenuidade” do presidente do Senado ao contar um episódio de 2006, quando o senador, acusado de ter recebido recursos de empreiteira para ajudar sua amante, decidiu entregar os documentos do imposto de renda para a TV Globo.
A emissora, no entanto, investigou tais documentos, o que agravou a situação do político e culminou, mais tarde, na sua renúncia da presidência do Senado.
Sérgio Machado concordou com Sarney e afirmou que o presidente do Senado “erra muito no varejo”.
Ao jornal Folha de S. Paulo, a assessoria de Renan disse que o senador “não tem como avaliar comentários que terceiros façam sobre a sua conduta como político”.
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