Em nota após incêndio, Iphan critica tratamento de governos para com a Cultura: ‘sempre insensíveis’

  • Por Jovem Pan
  • 03/09/2018 12h50
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Clever Felix/Estadão Conteúdo "A indignação resulta da maneira como a Memória Nacional vem sendo tratada pelo Estado brasileiro ao longo de sucessivos governos", traz a nota

O Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan) divulgou na manhã desta segunda-feira (03) uma nota sobre o incêndio ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

Nela, o Iphan criticou o Estado brasileiro pela forma com que a memória nacional é tratada ao longo de sucessivos governos. “Sempre insensíveis a um olhar estratégico e prioritário para com a Cultura”.

A nota afirma ainda que a presidente do Iphan já está no Rio de Janeiro para acompanhar a situação e atuar na elaboração de estratégias para o processo de resgate e recuperação do que for possível, tanto do imóvel quanto do seu acervo.

Confira abaixo a nota na íntegra:

“O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) manifesta sua mais profunda indignação frente à tragédia de repercussão internacional que, em função do terrível incêndio ocorrido neste 2 de setembro, colapsou as instalações do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, comprometendo definitivamente seu precioso acervo. A indignação resulta da maneira como a Memória Nacional vem sendo tratada pelo Estado brasileiro ao longo de sucessivos governos, sempre insensíveis a um olhar estratégico e prioritário para com a Cultura. 

A presidente do Iphan, no âmbito das competências institucionais, já está no Rio de Janeiro para, além de acompanhar a situação, atuar na elaboração de estratégias para o processo de resgate e recuperação do que for possível, tanto do imóvel quanto do seu acervo. 

O Iphan, ao longo de 81 anos, vem lutando pela preservação do Patrimônio Cultural e, num momento de tanta dor, se solidariza com a Direção do Museu Nacional e com os servidores da bicentenária Instituição. 

A ação mais recente do Iphan neste sentido foi a realização do Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial no Brasil, que aconteceu em agosto desse ano em Goiás (GO), que reuniu gestores de cidades históricas. O encontro resultou no Compromisso de Goiás, um documento que define as diretrizes de uma futura política transversal que trata o Patrimônio Cultural como ativo econômico, que gera renda, empregos e inclusão social. O seminário foi elaborado já em função da preocupação do Iphan de buscar um compromisso com os governantes do país em manter linhas de financiamento voltadas para o Patrimônio Cultural, buscando evitar situações muitas vezes irreversíveis como a tragédia que chocou o mundo.

Cabe lembrar também que, a partir de um amplo debate em julho de 2017, o Iphan, em conjunto com os Corpos de Bombeiros de todo país e o Ministério Público Federal, iniciou a construção conjunta da Normativa de Prevenção e Combate a Incêndio e Pânico em Edificações Protegidas. Esse instrumento busca o consenso para compatibilizar o mínimo impacto sobre os elementos arquitetônicos e artísticos existentes e as melhores soluções para prevenção e combate a incêndio em edificações tombadas.”

O incêndio

Um incêndio atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, na noite deste domingo (02). A assessoria de imprensa do museu disse que não houve feridos, já que o incêndio começou após o fechamento para o público. As causas do incêndio ainda são apuradas.

O fogo teve início, aproximadamente, às 19h30, quando quatro vigilantes estavam no local. Os trabalhadores conseguiram fugir a tempo. O Corpo de Bombeiros está no local e, imediatamente, iniciou o combate ao fogo.

A Polícia Civil abrirá um inquérito e deverá passar o caso para a Delegacia de Repressão à Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal avaliar se o incêndio foi criminoso.

De acordo com testemunhas que estavam no local, o Corpo de Bombeiros teve dificuldade para puxar água para combater as chamas.

Funcionários e pesquisadores do Museu Nacional se juntaram aos bombeiros para ajudar na diminuição do fogo. A intenção era guiar o Corpo de Bombeiros até salas da instalação que contém produtos químicos inflamáveis usados para conservar animais raros.

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