Em nota, Joesley Batista chama presidente Temer de “ladrão geral da República”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/09/2017 11h54 - Atualizado em 02/09/2017 11h56
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BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 19/05/2017.- Fotografía sin fechar, cedida por Campo Grande News hoy, viernes 19 de mayo de 2017, muestra a uno de los dueños de la empresa JBS Joesley Batista (i) junto al presidente de Brasil, Michel Temer (d), en Río de Janeiro (Brasil). Directivos del grupo JBS que colaboran con la justicia confesaron que pagaron sobornos por 80 millones de dólares al expresidente brasileño Luiz Inácio Lula da Silva y a su sucesora Dilma Rousseff, según documentos divulgados hoy, viernes 19 de mayo de 2017, por la Corte Suprema. En los documentos revelados por la corte, uno de los dueños de JBS, Batista, y el exdirector de Relaciones Institucionales del grupo Ricardo Saud, sostienen que los sobornos pactados con el ministro de Hacienda de Lula y Rousseff, Guido Mantega, desde 2005, alcanzaron la suma de 80 millones de dólares, depositados en diversas cuentas bancarias abiertas en el exterior. EFE/João Quesada/CAMPO GRANDE NEWS/SOLO USO EDITORIAL/NO VENTAS/MÁXIMA CALIDAD DISPONIBLE EFE/João Quesada/CAMPO GRANDE Joesley defende a delação premiada: "é um direito"

O empresário Joesley Batista, do grupo JBS, chamou o presidente Michel Temer de “ladrão geral da República”. Em nota divulgada neste sábado (2), o empresário afirma que a colaboração premiada é um direito e que o ataque feito a essa prerrogativa revelaria uma “incapacidade” de o presidente se defender “dos crimes que comete.”

As declarações do empresário foram feitas numa reação à nota divulgada na sexta-feira (1º) pela Presidência da República sobre o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com Ministério Público. Na nota, o Palácio do Planalto chama o empresário Joesley Batista de “grampeador-geral da República.”

Procurado pela reportagem, o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor de Temer, disse que a declaração de Joesley “não merece nenhuma resposta em face da sua origem e do conhecido comportamento absolutamente reprovável do delator”.

“A resposta já foi dada pela Câmara dos Deputados, que rejeitou a denúncia (apresentada pelo procurador-geral da República contra o presidente pelo crime de corrupção passiva), baseada na acusação dessa mesma pessoa”, afirmou o advogado.

Em nota divulgada na sexta (1º), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) desqualifica o operador Lúcio Funaro, que firmou acordo de delação com o Ministério Público, e chama o empresário Joesley Batista de “grampeador-geral da República”.

Sob a justificativa de que a “suposta segunda delação” de Funaro apresenta “inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes”, o texto diz que Temer se reserva o direito de não tratar de “ficções e invenções” de quem quer que seja. Cita, ainda, que o operador – chamado apenas de “doleiro” – acionou a Justiça, meses atrás, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley. Foi o dono da JBS quem gravou Temer, em conversa que veio a público em maio.

A Secom destaca que Funaro foi preso há um ano por “ameaçar de morte” a seus ex-parceiros comerciais e diz não estar claro como se deu sua “conversão” diante do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em tom de ironia, a nota pergunta qual “mágica” teria feito o operador, “que traiu a confiança da Justiça e do Ministério Público”, para ganhar agora credibilidade. Não é só: lembra que ele já foi classificado pelo MP como “uma pessoa que tem o crime como modus vivendi”.

Estado apurou que a delação de Funaro atinge não apenas Temer e o governo, como várias figuras de expressão no PMDB. “Diante da vontade inexorável de perseguir o presidente da República, Funaro transmutou-se em personagem confiável. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente?”, indaga a nota. “Se era capaz de ameaçar a vida de alguém para escapar da Justiça, não poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, até um crime menor.”

O Palácio do Planalto recebeu informações de que a denúncia de Janot contra Temer será, desta vez, por obstrução de Justiça. Na nota, a Secom menciona o diálogo gravado clandestinamente por Joesley para sustentar que o presidente “jamais” obstruiu a Justiça.

“A gravação usada pelo seletivo acusador desmente a acusação. Outro agravante é o fato de o grampeador-geral da República ter omitido o produto de suas incursões clandestinas ao Ministério Público. No seu gravador, vários outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua tendo o perdão eterno do procurador-geral. Prêmio igual ou semelhante será dado a um criminoso ainda mais notório e perigoso como Lúcio Funaro?”, provoca a nota.

A primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, foi rejeitada pelo plenário da Câmara em 2 de agosto e a segunda acusação deve ser apresentada nos próximos dias por Janot, que deixa o cargo no próximo dia 17. Na contra-ofensiva, o presidente disse que os irmãos Batista refizeram sua delação, “demonstrando terem mentido e omitido fatos, sobretudo em relação às falcatruas com o BNDES”.

Na avaliação do Planalto, os delatores prestaram falso testemunho na Operação Bullish e puderam, “camaradamente”, ‘corrigir’ suas mentiras ao procurador-geral. “Sem um puxão de orelhas sequer”, diz o texto divulgado pela Secom.

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