Em sete meses, a cada 24 horas um adolescente foi assassinado em Fortaleza

Nos primeiros sete meses de 2017, a cada 24 horas um adolescente com idade entre 10 e 19 anos foi assassinado em Fortaleza, capital do Ceará. É o que mostra relatório elaborado pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA), …

  • Por Ivan Richard Esposito - Repórter da Agência Brasil
  • 13/11/2017 18h57
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Nos primeiros sete meses de 2017, a cada 24 horas um adolescente com idade entre 10 e 19 anos foi assassinado em Fortaleza, capital do Ceará. É o que mostra relatório elaborado pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência (CCPHA), da Assembleia Legislativa do estado, divulgado hoje (13). Em todo o estado, de janeiro a julho, 522 meninos e meninas foram mortos de forma violenta, sendo 222 registradas na capital.

Segundo o relatório intitulado Cada Vida Importa, baseado nos dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do estado (SSPDS), na comparação com mesmo período de 2016 houve um crescimento de 71% nos assassinatos de crianças e adolescentes em Fortaleza. De janeiro a julho do ano passado, foram registradas 130 mortes de meninos e meninas na capital cearense.

De acordo com o relatório, o número poderia ser ainda pior, já que 211 assassinatos não têm registro de informação de idade, apesar de 132 apresentarem o nome completo da vítima.

O lançamento do relatório coincide com o assassinato hoje (13) de quatro adolescentes que cumpriam medida socioeducativa no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca, localizado no Bairro Sapiranga, em Fortaleza. Eles foram retirados do local por criminosos, levados para uma comunidade próxima e executados a tiros. A Polícia Civil investiga o caso, mas até o momento ninguém foi preso.

Ao todo, até julho, foram registrados 2.772 homicídios no estado, sendo 1.079 somente na capital. Um aumento de 83% em relação a 2016, quando 590 pessoas foram mortas no mesmo período do ano em Fortaleza.

Para o relator CCPHA, deputado estadual Renato Roseno (PSOL), está havendo “um extermínio da juventude no estado”. Conforme o levantamento, a maioria das mortes segue um padrão: jovens do sexo masculino, negros e moradores das áreas periféricas da cidade.

“A contabilização dos homicídios de 2017 é a maior desde 2013, ano a partir do qual a SSPDS começou a divulgar eletronicamente o balanço dos crimes violentos letais e intencionais. Naquele ano, o Ceará registrou 2.411 homicídios de janeiro a julho, subindo para 2.655 em 2014. Nos anos seguintes, houve queda na taxa de assassinatos: foram notificados 2.278, em 2015, e 1.998, em 2016”, aponta o relatório.

Com dados do Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o estudo da Assembleia Legislativa atribui o aumento das mortes violentas de crianças e adolescentes ao crescimento dos conflitos armados nos territórios, em razão da disputa de facções, somado ao modelo de segurança centrado em ações ostensivas.

Policiais assassinados

De acordo com o relatório, o crescimento da violência também tem provocado a morte de mais policiais no estado. Em 2013, 17 policiais haviam sido assassinados, o número caiu para 10, em 2014, subiu para 14 no ano seguinte e saltou para 26, no ano passado. Nos primeiros sete meses desse ano, já foram registrados 11 assassinatos de policiais no Ceará.

Recomendações

O relatório produziu 12 recomendações para reduzir o número de mortes violentas de meninos e meninas. Entre elas estão o controle de armas de fogo e munições; o fortalecimento da capacidade técnico-científica da perícia forense estadual; a formação de policiais para abordagem adequada não violenta ao adolescente e escolas mais atrativas e integradas com a comunidade.

Além disso, o relatório sugere a busca ativa para inclusão de adolescentes no sistema escolar, atendimento integral no sistema de medidas socioeducativas, qualificação urbana dos territórios com incidência de homicídios e mediação de conflitos entre grupos rivais nos territórios.

 

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