“Em time que está ganhando não se mexe”, diz ministro Eliseu Padilha
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta segunda-feira, 13, que a citação ao seu nome em delações premiadas não é motivo para sair do governo. “Em time que está ganhando não se mexe”, afirmou o chefe da Casa Civil. “Só citação de delator não é motivo para nada.”
Homem forte do governo e fiador da reforma da Previdência, Padilha retornou ao Palácio do Planalto após 21 dias de licença. O ministro se submeteu a uma cirurgia para retirada da próstata, em Porto Alegre, no último dia 27.
Ao chegar, o chefe da Casa Civil participou de uma reunião com o presidente Michel Temer. Questionado se faria um pronunciamento para esclarecer acusações de delatores da Odebrecht, segundo as quais teria recebido R$ 4 milhões da empreiteira na campanha eleitoral de 2014, Padilha respondeu que não.
“O presidente Michel Temer já firmou a linha de posicionamento do governo”, argumentou ele, numa referência ao parâmetro estabelecido por Temer para que ministros deixem a equipe. Pela linha de corte fixada por Temer, quem for denunciado será afastado para investigação. Se algum auxiliar virar réu, porém, terá de sair do governo.
“Não vou falar sobre o que não existe”, insistiu o chefe da Casa Civil. “Está tudo baseado num delator. Qualquer fala agora vai ser prejudicial à investigação e a mim. Então fico quietinho.”
Padilha afirmou que os médicos queriam que ele permanecesse em licença no mínimo até o próximo dia 19. “Eu tinha de ficar de repouso até a semana que vem, segundo recomendação médica, mas o psicológico disse que eu tinha de voltar”, disse Padilha, lembrando que a proposta de reforma da Previdência, em tramitação na Câmara dos Deputados, é alvo de críticas até mesmo da base aliada.
“Eu e minha equipe é que temos memória da Previdência”, disse o chefe da Casa Civil. “Os médicos disseram que sou doido, mas eu precisava voltar.”
Pronto retorno
Na semana passada, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), recomendou que Padilha voltasse “imediatamente” ao cargo para evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pusesse um aliado em sua cadeira. “Política não se aprende, se compreende. São sinais. Se ele não voltar, o Cunha coloca o Gustavo Rocha na cadeira dele”, afirmou Renan, numa referência ao subsecretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, que já foi advogado de Cunha.
Na lista dos “sinais” mencionados por Renan estavam a reorganização do Centrão, grupo que era controlado por Cunha na Câmara. “Já botaram o Osmar Serraglio no Ministério da Justiça e o André Moura (deputado do PSC) na liderança do governo no Congresso”, afirmou Renan, na quarta-feira passada, numa alusão a conhecidos aliados de Cunha.
“Marun vai a Curitiba (onde o ex-presidente da Câmara está preso) e volta querendo deixar claro que agora, depois de avançarem sobre o governo, vão querer avançar sobre o partido. Eu mesmo não fico num partido coordenado por Marun. Não dá, né?”
A licença de Padilha coincidiu com o agravamento da crise política. Nesse período, o advogado José Yunes disse que, em setembro de 2014, recebeu um “pacote” em seu escritório, a pedido de Padilha, das mãos do operador financeiro Lúcio Funaro. O lobista é ligado a Cunha.
Além disso, delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht – incluindo a do próprio Marcelo Odebrecht – também ligaram Padilha a um esquema de recebimento de recursos para campanhas do PMDB.
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