Em vídeo na internet, Dilma diz que governo Temer “não será respeitado” e convoca mobilização

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2016 14h07
Reprodução Dilma gravou discurso para as redes sociais falando sobre seu afastamento

Em vídeo gravado no Palácio do Planalto e divulgado nesta quinta (12) nas redes sociais, a presidente da República afastada Dilma Rousseff convocou apoiadores para lutarem pela “democracia”.

“Aos brasileiros que se opõem ao golpe, independentemente de posições partidárias, faço um convite: mantenham-se mobilizados, unidos e em paz. A luta pela democracia não tem data para terminar”, disse Dilma. “Vamos mostrar ao mundo que há milhões de defensores da democracia nesse País”, convocou. “A história é feita de luta. E sempre vale a pena lutar pela democracia. A democracia é o lado certo da história”, disse, ao final do discurso.

Nesta quinta, Dilma também já repetiu boa parte dos outros assuntos do vídeo em discurso no Palácio do Planalto e do lado de fora do prédio oficial, em fala dirigida a apoiadores.

Confira o vídeo na íntegra:

Sem citar o nome de Michel Temer, presidente em exercício, Dilma disse que o novo governo não terá legitimidade nem respeito e será “a grande razão para a continuidade da crise”.

“O maior risco para o País nesse momento é ser dirigido por um governo sem voto, um governo que não foi eleito pela manifestação direta da população, não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios que o País enfrenta”, afirmou Dilma, classificando o processo de impeachment do qual é alvo de “espécie de eleição indireta”. “Um governo sem voto não será respeitado. Será não só um entrave às soluções que o país necessita como será, ele próprio, a grande razão para a continuidade da crise”, acusou.

Em dois momentos da fala, Dilma admitiu que pode ter cometido erros, mas disse sentir orgulho do que fez na Presidência do Brasil. “Nesses anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Acertando ou errando, honrei os votos que recebi”, disse.

“Já sofri a dor indizível da tortura, já passei pela dor inominável da doença e hoje sofro a dor igualmente aflitiva da injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política”, comparou.

“Impeachment fraudulento”

Dilma voltou a repetir o discurso de que é vítima de um “golpe” e disse: “jamais em uma democracia o mandato legítimo de um presidente eleito poderá ser interrompido por causa de meros atos de gestão orçamentária”.

“Este é um processo frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente. É a maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu. Não existe injustiça mais devastadora do que condenar um inocente. Injustiça cometida é mal irreparado”, denunciou Rousseff. “Não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com a corrupção”, defendeu-se.

Dilma falou novamente de uma “oposição inconformada” e acusou os “derrotados” (nas urnas) de “mergulharem o País em um estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia com um único objetivo: de tomar a força o que não conquistaram nas urnas”. E afirmou, no tempo presente do verbo: “meu governo tem sido alvo de intensa e incessante sabotagem”.

A presidente afastada por até 180 dias, que enfrentará o julgamento do impeachment no Senado, disse que pretende “defender e honrar (seu mandato) até o último dia”.

“Atos corriqueiros”

Dilma disse que os crimes de que é acusada foram “atos corriqueiros de gestão”. “Meus acusadores sequer conseguem dizer que ato eu teria praticado”, disse. “Essa farsa jurídica de que estou sendo alvo deve-se ao fato de que, como presidenta, nunca aceitei chantagem. Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes”, afirmou, em referência indireta ao presidente da Câmara afastado Eduardo Cunha.

O que “está em jogo”

A petista disse também que está em jogo “não apenas” seu mandato e a Constituição. “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média, a proteção às crianças, o jovem chegando às universidades, a valorização do salário mínimo, os médicos atendendo à população, a realização do sonho da casa própria. O que está em jogo é o futuro do País”.

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