Embate entre Dilma (PT) e Aécio (PSDB) marca último debate antes das eleições

  • Por Jovem Pan
  • 03/10/2014 01h23
RIO DE JANEIRO, RJ, 02.10.2014: DEBATE/ELEIÇÕES 2014 - - Debate entre candidatos à Presidência da República, promovido pela Rede Globo, com mediação de William Bonner, na noite desta quinta-feira (02), no Projac, Rio de Janeiro.Por sorteio, eles vão se posicionar da seguinte forma no estúdio, da esquerda para direita: Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Luciana Genro (PSOL), Aécio Neves (PSDB), e Pastor Everaldo (PSC). (Foto: Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress) Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress Debate entre presidenciáveis na Rede Globo

No último debate dos presidenciáveis antes das eleições que ocorrem no domingo (5), o destaque foi o embate entre a candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), e o candidato do PSDB, Aécio Neves. Marina Silva (PSB), que teve uma queda brusca nas últimas pesquisas, foi deixada de lado pelo tucano e pela petista. Outros destaques foram as discussões entre Levy Fidélix (PRTB) e Eduardo Jorge (PV) e de Aécio Neves e Luciana Genro (Psol), em momentos em que os ânimos dos candidatos se exaltaram.

A candidata à reeleição, Dilma Rousseff, foi bem atacada pelos adversários. Como esperado, na primeira oportunidade, a petista teve que responder ao envolvimento do partido em casos de corrupção. Questionada se o escândalo da Petrobras é um resultado das alinças do PT com outros partidos, a presidente disse que existem corruptos em todos os lugares e que sempre lutou contra a corrupção.

“Eu propus medidas concretas contra a corrupção, destaco a proposta de tornar caixa 2 em crime eleitoral. (…) Todas essas propostas tem como objetivo acabar com a impunidade. No caso da Petrobras, eu demiti esse diretor que está envolvido agora nesse escândalo e também autorizei que em todas as questões relativas a empresa, houvesse ampla e total abertura nas investigações. Não são alianças que definem corruptos. A abertura para todas as necessidades de investigação é uma característica do meu governo”, disse.

A petista não perdeu a oportunidade de atacar Aécio. Dilma afirmou que o PSDB entregou o governo para o PT com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil em situação precária e questionou a “leveza” com que o tucano trata a situação das privatizações.

Dilma disse ter sido bem sucedida na política econômica brasileira quando comparada aos governos nos quais o PSDB liderou. “Vocês desempregaram 12,5%, tiveram uma taxa de juros que bateram todos os recordes, tiveram a capacidade de colocar o Brasil de joelhos diante do Fundo Monetário. Então me pergunto: a partir do que o senhor se considera capaz e eficaz na comparação com o meu governo?”, questionou.

Aécio Neves focou, quando pôde, na presidente Dilma Rousseff, já que nem sempre podia se dirigir à petista. O tucano considerou grave a afirmação da presidente de que demitiu o ex-diretor Paulo Roberto Costa, sendo que a ata do Conselho diz que o diretor renunciou ao cargo e ainda recebeu elogios pelos serviços prestados. Como resposta, a presidente disse que permitiu que o ex-diretor se demitisse, como direito permitido pelo serviço público.

O tucano questionou o tratamento dado ao acusado. “Não é a melhor forma de tratar uma pessoa que assaltou a nossa maior empresa (pedir para ele se demitir). Essa história precisa ser contada com maior clareza”, disse Aécio. O candidato do PSDB afirmou ainda que, se eleito, a Petrobras voltará para as mãos do povo brasileiro.

O mineiro falou também sobre as privatizações. Ele afirmou que o PSDB privatizou o que precisava ser privatizado para funcionar melhor e também não perdeu a oportunidade de atacar o atual governo do Partido dos Trabalhadores. “O povo brasileiro está indignado com o que o seu partido e o seu governo fizeram com as nossas empresas. Vocês entregaram a nossa maior empresa a uma quadrilha”, afirmou.

Apesar dos ataques, Aécio Neves elogiou os projetos do PT, Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, e disse que não irá acabar com eles, mas sim, aprimorá-los. “Os bons projetos devem ser aprimorados, não devem ser esquecidos. Os bons programas do PT serão aprimorados, eles vão continuar no meu governo. (…) Administração pública é isso: é você copiar os bons projetos, aprimorá-los”, explicou o tucano.

Com as quedas acentuadas e recentes da candidata do PSB, Marina Silva, os outros dois principais apontados à Presidência da República, Aécio e Dilma, pouco se dirigiram a ela, que acabou correndo por fora no debate da Rede Globo.

Marina disse que a presidente Dilma não cumpriu com seus compromissos de campanha e que a corrupção foi varrida para debaixo do tapete, além de afirmar que a inflação está crescendo durante o mandato da petista.

A candidata do PSB falou também que pretende conceder o 13º salário a quem recebe o Bolsa Família e manter os direitos trabalhistas.

Levy Fidélix vs Eduardo Jorge e Luciana Genro vs Aécio Neves

Dois dos chamados “nanicos” chamaram a atenção em uma parte do debate da TV Globo. Após as polêmicas envolvendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo no debate promovido pela Record no último domingo, Eduardo Jorge (PV) intimou o candidato Levy Fidélix (PRTB) a pedir desculpas ao povo brasileiro pelas suas declarações. Mas Fidélix não o fez.

“Você não tem moral nenhuma para me falar isso. Você, acima de tudo, propõe que o jovem consuma maconha, isso é apologia ao crime. Ao aborto, apologia ao crime. Está lá no código penal. (…) No artigo 226 prevê ao homem e a mulher, filhos. (…) Pense duas vezes em me acusar de algo que eu não fiz, nenhuma apologia. Muito pelo contrário. Apenas coloquei que defendo uma posição cristã, familiar e que o Estado não vai interferir porque o meu devido direito está garantido também no artigo 5º, que é a minha livre expressão”, esbravejou.

Eduardo Jorge respondeu afirmando que Fidélix envergonhou o Brasil na última segunda-feira e que irá encontrá-lo na justiça.

Os ânimos se exaltaram também entre a candidata do Psol e o do PSDB. Luciana Genro afirmou que Aécio Neves tinha que ter vergonha de falar da corrupção do PT e lembrou da Privataria tucana e também do polêmico aeroporto construído pelo ex-governador de Minas Gerais.

“Você, que anda de jatinho, que ganha um alto salário, não conhece a realidade do povo. Vocês do PSDB zombam do povo que anda de ônibus lotado, metrô lotado, vive de salário mínimo. O teu economista, que tu já nomeou pro Banco Central, chegou a falar que o salário mínimo aumentou demais e que o desemprego tem uma parte que é necessária para equilibrar a economia. Então, Aécio, tu é tão fanático das privatizações e da corrupção, que tu chegou ao ponto de fazer um aeroporto com dinheiro público e entregar a chave pro teu tio, e isso tu ainda não explicou devidamente pro povo brasileiro”, atacou a candidata do Psol.

Aécio respondeu afirmando que a gaúcha estava sendo leviana e não está preparada para disputar o cargo de presidente da República e, no meio da resposta do tucano, Luciana Genro esbravejou: “Você não levante o dedo pra mim!”. Mas depois deixou o candidato do PSDB concluir a sua resposta.

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