Emílio Odebrecht afirma que Marisa Letícia pediu obras em sítio de Atibaia

  • Por Jovem Pan
  • 08/01/2019 15h10 - Atualizado em 08/01/2019 15h23
Estadão Conteúdo Estadão Conteúdo Emílio Odebrecht confirmou relação de proximidade com Lula

Os empresários Emílio e Marcelo Odebrecht entregaram as alegações finais da ação sobre reformas no sítio de Atibaia (SP) que seria utilizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Emílio, que confirmou ter relação próxima com o petista, a ex-primeira-dama Marisa Letícia solicitou as obras por meio de um executivo.

O documento – última manifestação da defesa antes das palavras finais do Ministério Público Federal e, por fim, da sentença – foi entregue à juíza Gabriela Hardt na segunda-feira (7). Ela tem cuidado dos casos da Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) após a saída de Sergio Moro para assumir o Ministério da Justiça.

Pai e filho, executivos da Odebrecht, são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. O processo inclui 13 pessoas, entre elas Lula. Preso desde abril após condenação em segunda instância no caso do triplex do Guarujá (SP), o ex-presidente nega ser dono do sítio. Ele também entregou alegações finais criticando Moro e Hardt.

Suspensão da ação

A defesa de Marcelo pediu que a ação penal contra ele seja suspensa em razão de delação premiada. Segundo defensores, o acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República e homologado pelo Supremo Tribunal Federal estabeleceu que, superada a pena de 30 anos, o MPF proporia a suspensão dos processos contra o empresário.

Ele já está condenado a mais de 30 anos em outros processos da Lava Jato e ficou preso em regime fechado durante dois anos e meio, entre junho de 2015 e dezembro de 2017. Agora, está em regime domiciliar e pede benefícios adicionais, como a redução da pena em regime semiaberto e aberto, ou substituição por medidas restritivas.

Ao contrário de Emílio, Marcelo Odebrecht sustenta que e-mails e depoimentos demonstram que ele não tinha relação direta com Lula e que não houve, por parte dele, nenhuma promessa de vantagem indevida ao petista em relação às obras. Essa relação com o ex-presidente foi intermediada pelo ex-ministro Antonio Palocci.

Marcelo também afirmou nas alegações que acertou com Palocci um débito de R$ 15 milhões na “Planilha Italiano” para “acertos diversos” entre Emílio e Lula, mas que os mesmos não foram explicitados. Segundo ele, o débito poderia estar relacionado a “apoios financeiros”, inclusive referentes à reforma do sítio.

Ex-primeira-dama

Emílio Odebrecht confirmou a proximidade com Lula e disse ter recebido a solicitação da ex-primeira-dama Marisa Letícia para as obras no sítio de Atibaia por meio de Alexandrino Alencar, que teria aprovado o orçamento da reforma e pedido “discrição”, mas não teve qualquer ingerência na geração dos valores e nos pagamentos.

De acordo com Emílio, a aprovação do pedido da então primeira-dama não teve relação direta com nenhum contrato entre Odebrecht e Petrobras. “Tratou-se exclusivamente de retribuição ao ex-presidente pela sua atuação em favor do Grupo Odebrecht, sem contrapartida específica”, afirma o documento.

Acusado pelo repasse de R$ 700 mil – supostamente provenientes dos crimes de cartel, fraude a licitação e corrupção – para a reforma, Emílio é acusado pelo MPF pela prática de lavagem de dinheiro por 18 vezes. Nas alegações, o empresário pede, caso condenado, que a pena seja atenuada, já que tem mais de 70 anos de idade.

Fase final

Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1 milhão em melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobras. A denúncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, até seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.

O imóvel foi comprado no final de 2010, quando Lula deixava a presidência da República, e está registrado em nome de dois sócios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar – filho do amigo e ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar – e Jonas Suassuna. Ainda não há previsão para manifestações da promotoria e da juíza do caso.

Em suas alegações finais, os advogados constituídos pela defesa de Lula apontam supostas nulidades do processo e pedem a absolvição do petista. Ele nega ter recebido propinas e afirma ser vítima de perseguição política. O caso envolvendo o sítio, em fase final, representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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