Empresa mostra recibos de propinas atribuídas a Temer via coronel Lima
Comprovantes bancários divulgados pelo jornal El País nesta quarta-feira (25) mostram depósitos que seriam de propina ao presidente Michel Temer (PMDB) em 2014, quando ele era vice de Dilma Rousseff (PT) e a dupla disputava a reeleição.
Foram depositados R$ 469.250,00 em 17 de outubro de 2014 R$ 622.225,50 em 3 de novembro de 2014. O dinheiro foi alocado na conta da empresa PDA Projeto, de propriedade de João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, antigo amigo de Temer e investigado por outros supostos recebimentos de propina.
Os repasses teriam sido ordenados pelo empresário José Antunes Sobrinho, dono da empreiteira Engevix, que disse em tentativa de delação premiada que os valores tratavam-se de propina, em 2016. Sobrinho já foi condenado a mais de 21 anos de prisão por envolvimento no esquema de propinas da usina de Angra 3. O presidente da Engevix também responde ações sobre esquemas ilegais nos fundos de pensão da Caixa e no Banco do Nordeste.
Sobrinho disse que o repasse foi solicitado pelo coronel Lima em nome de Temer durante a campanha de 2014. Graças a Lima, a Engevix teria conseguido cerca de 70% de um contrato de R$ 162 milhões da estatal Eletronuclear e esse repasse era uma forma de retribuição, diz o El País.
Os repasses foram operacionalizados por meio da empresa Alúmi Publicidades, que tentava prestar serviços de mídia ao aeroporto de Brasília, cujo conselho era presidido por Sobrinho. A Alúmi diz que não sabia que estava sendo envolvida na trama. A companhia entrou, então, com um processo para anular o acordo com uma das empresas envolvidas, temendo uma ação judicial ou policial contra ela. Nesta ação, os recibos foram revelados.
A empresa revelou durante a ação, também, a participação da empresa de projetos EPS, não citada por Sobrinho em sua proposta rejeitada de delação. A EPS é controlada por Rodrigo Castro Alves Neves, ex-sócio do presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE).
“Para que o contrato com a Inframérica fosse viabilizado, far-se-ia necessário que fosse contratada a empresa Argeplan para a realização do projeto de engenharia e arquitetura da mídia aeroportuária, devendo ser a ela pagos R$ 1.000,000,00 (um milhão de reais)”, revela também a petição da Alúmi apresentada à Justiça.
A Argeplan é outra empresa que tem como sócio o coronel Lima. Quem emitiu nota e recebeu o dinheiro, porém, foi a PDA Projeto. A PDA Projeto não tinha funcionários à época, mas apenas o próprio coronel Lima e sua esposa como sócios.
Não houve nenhuma comprovação ou registro de projeto realizado pela empresa do amigo de Temer à Alúmi, diz o jornal.
Veja os documentos divulgados pelo El País:
Delator relata entrega de R$ 1 milhão para “coronel”, amigo de Michel Temer
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