Empresário confirma pagamento de R$2,5 mi ao PT por supostos anúncios publicitários
A CPI da Petrobras ouve o empresário Augusto Mendonça Neto
Augusto Mendonça NetoNesta quinta-feira (23), o empresário Augusto Mendonça Neto,presidente da Setal Engenharia, confirmou em depoimento à CPI da Petrobras o teor de depoimento prestado por ele à Justiça Federal em que afirmou ter pago R$ 2,5 milhões ao PT por meio de depósitos feitos como pagamentos por supostos anúncios em uma revista editada pela Gráfica Atitude, em São Paulo.
Ele disse que fez isso a pedido do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto que procurou a pedido do ex-diretor da Petrobras Renato Duque.
“Mas Duque ofereceu algum benefício a suas empresas na Petrobras?”, perguntou o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “Ele não oferecia vantagens. Era mais no sentido de não atrapalhar [os contratos]”, esclareceu.
Clube do cartel
Mendonça também contou que os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque favoreciam as empresas do “clube” que se reuniu em cartel para obter contratos com a estatal.
Neto explica como funcionava “clube” criado para participar de licitações: “[Eles ajudavam] sim, na medida em que era entregue uma lista de empresas que seriam convidadas [para participar das licitações]”, disse, ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
De acordo com o empresário, ele teria procurado o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a pedido do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, para fazer doações oficiais ao PT como parte do pagamento de propina. Os encontros teriam se repetido cerca de dez vezes. “Nós parcelávamos o pagamento e às vezes atrasávamos”, explicou. Mendonça esclareceu, porém, que Vaccari não ofereceu a ele vantagens na Petrobras. “Mas o Duque sim”, disse.
O esquema de propina
O empresário contou como teria começado o esquema de propinas na Petrobras. Ele apontou o doleiro Alberto Youssef como intermediário do pagamento de propinas entre a empresa dele e o ex-deputado José Janene.
Mendonça Neto disse que sua empresa, a Setal Óleo e Gás (SOG), participava de um consórcio ganhador de dois contratos com a Petrobras, em 2007 ou 2008, quando foi procurado por Janene.
“Janene se colocou como responsável pela indicação de Paulo Roberto [Costa, ex-diretor da Petrobras acusado de receber propinas] e disse que se nós não fizéssemos uma contribuição nós seríamos duramente penalizados”, disse. “A partir daí, me reuni com as empresas do consórcio e decidimos colaborar.”
Na época, a SOG parcicipava, junto com a Mendes Júnior e a MPE Engenharia, de consórcio para obras na Refinaria Repar, no Paraná.
“Janene me apresentou a Alberto Youssef e disse que Youssef é que iria receber os valores mensalmente”, explicou. Ele disse que o doleiro ofereceu notas fiscais frias em troca do dinheiro.
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