Empresas ameaçam paralisar ônibus no Rio de Janeiro nesta sexta-feira

Segundo o sindicato da categoria, o setor está entrando em ‘colapso total’ com o avanço da crise provocada pelo novo coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 26/03/2020 16h13
Fernando Frazão / Agência Brasil Passageira de ônibus BRT, aderem ao uso de máscaras descartáveis por precaução contra o coronavírus

Sem ajuda do poder público neste momento de contingência decorrente da pandemia do novo coronavírus, as empresas de ônibus urbanos do Rio de Janeiro ameaçam tirar a frota de circulação a partir desta quinta-feira (27). O anúncio foi feito, por meio de nota, pelo Sindicato das Empresas de Ônibus do Município do Rio de Janeiro (Rio Ônibus).

Segundo o Rio Ônibus, o setor está entrando em “completo colapso total com o agravamento da crise por conta da pandemia do novo coronavírus”, com uma queda de 72,6% no número de passageiros registrada na terça-feira (24).

“Hoje a queda é ainda maior. Com o baixíssimo número de pessoas embarcando e sem nenhuma ajuda das autoridades, diferentemente de como acontece em São Paulo, as empresas não têm mais condições de manter a compra de combustível e os salários dos rodoviários”.

A prefeitura de São Paulo criou um grupo de trabalho com as empresas de ônibus para discutir ações e tomar medidas de prevenção contra o coronavírus no transporte público. O Rio Ônibus se diz aberto ao diálogo e “espera que o poder público apoie o transporte público por ônibus neste momento de suma importância para o combate ao Covid-19”.

Por parte dos trabalhadores, o Sindicato dos Rodoviários enviou um ofício à prefeitura solicitando que sejam tomadas medidas urgentes e que seja formada uma mesa de negociação para resolver a situação e evitar o colapso. O sindicato da categoria diz ter sido informado nesta quarta por dois consórcios de empresas de ônibus, dos cinco que operam as linhas na cidade, o Internorte e o Intersul, de que “não vão conseguir honrar os salários dos motoristas e demais profissionais que fazem circular a frota de ônibus do município”.

O ofício é assinado pelo presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José da Silva, e é endereçado ao prefeito, Marcelo Crivella, ao presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe, ao presidente da Rio Ônibus, Claudio Callac, ao presidente do Tribunal Regional do Trabalho RJ, Jose da Fonseca Martins Junior e ao procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho RJ, João Batista Berthier Leite Soares.

Os trabalhadores pedem que seja garantido o pagamento dos salários dos profissionais, além de proteger os motoristas para que seja cumprida a resolução que impede passageiros de viajarem em pé e a disponibilização de álcool em gel aos usuários e trabalhadores nos terminais e entrada e saída dos veículos.

A Secretaria Municipal de Transportes disse que “mantém canal aberto com todos os consórcios e com o Rio Ônibus” e que já permitiu “diversas concessões ao sistema”, para que se adeque à realidade do combate ao coronavírus, como o fechamento temporário de 27 estações do BRT; interrupção dos serviços nos três corredores entre 0h e 4h; suspensão das gratuidades para estudantes da rede municipal; e limitação de quatro viagens por dia para os idosos.

“Neste momento, não há como conceder qualquer reajuste da tarifa dos ônibus municipais. A questão está na Justiça e uma audiência deverá ser feita, em breve, para discutir o assunto”, diz a nota da Secretaria de Transportes.

Sobre o ofício do Sindicato dos Rodoviários, a secretaria informou que a prefeitura vai buscar ajuda federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, “para custear a operação mínima do sistema de ônibus da cidade, enquanto as medidas de prevenção ao coronavírus continuarem em vigor”, com o objetivo de manter os serviços para os que dependem do sistema de ônibus e preservar o emprego dos 26 mil rodoviários.

*Com informações da Agência Brasil

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