Entidades e autoridades repudiam agressão a jornalistas em ato pró-Bolsonaro
Entidades de imprensa e autoridades do Judiciário e do Congresso Nacional repudiaram as agressões sofridas por jornalistas que cobriam um ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, neste domingo (3), em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Ironicamente, a data de hoje marca justamente o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, um dos pilares da democracia.
Uma equipe do jornal ‘O Estado de S. Paulo’ foi cercada e atingida por socos, empurrões e pontapés. Profissionais de outros veículos de comunicação também foram hostilizados — alguns foram agredidos fisicamente. Os jornalistas deixaram o local escoltados pela Polícia Militar.
O presidente Jair Bolsonaro cumprimentou os apoiadores, que foram ao local defender intervenção militar no país e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em live registrada durante os atos, ele disse que não irá mais admitir o que chamou de interferência em seu governo e afirmou que as Forças Armadas “estão ao lado do povo”. Afirmou ainda que pedir a “Deus” para que não tenha problemas nessa semana, porque, segundo ele, se chegou ao “limite”.
Repúdio
Em nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) afirmou que “condena toda e qualquer agressão a jornalistas” e pediu “o apoio da sociedade ao jornalismo e aos jornalistas”.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) afirmou que “além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa. Atentar contra o livre exercício da atividade jornalística é ferir também o direito dos cidadãos de serem livremente informados”.
Disse a Associação Brasileira de Imprensa (ABI): “Esses atos violentos são mais graves porque não há, de parte do presidente ou de autoridades do governo, qualquer condenação a eles. Pelo contrário, é o próprio presidente e seus ministros que incitam as agressões contra a imprensa e seus profissionais”.
A direção de ‘O Estado de S. Paulo’ disse se tratar de “uma agressão covarde contra o jornal, a imprensa e a democracia. A violência, mesmo vinda da copa e dos porões do poder, nunca nos intimidou. Apenas nos incentiva a prosseguir com as denúncias dos atos de um governo que, eleito em processo democrático , menos de um ano e meio depois dá todos os sinais de que se desvia para o arbítrio e a violência”.
Continuou: “Dada a natureza dos acontecimentos deste domingo, esperamos que a apuração penal e civil das agressões seja conduzida por agentes públicos independentes, não vinculados às autoridades federais que, pela ação e pela omissão, se acumpliciam com o processo em curso de sabotagem do regime democrático”.
Repercussão
Algumas autoridades e lideranças políticas se manifestaram por meio de nota ou pelas suas contas no Twitter.
Democracia, liberdades – inclusive de expressão e de imprensa – Estado de Direito, integridade e tolerância caminham juntos e não separados.
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 3, 2020
As agressões contra jornalistas devem ser repudiadas pela covardia do ato e pelo ferimento à Democracia e ao Estado de Direito, não podendo ser toleradas pelas Instituições e pela Sociedade.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) May 3, 2020
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