Ao menos seis Estados brasileiros têm ocupação de UTIs superior a 70%

  • Por Jovem Pan
  • 01/05/2020 12h40 - Atualizado em 01/05/2020 12h40
Sandro Pereira/Estadão Conteúdo O governo de São Paulo ingressou com ação no STF no dia 10 de fevereiro, após uma semana de ameaças; dois dias antes, governador do Maranhão já havia feito solicitação com o mesmo teor à Corte Em São Paulo, o índice de ocupação dos leitos destinados exclusivamente a pacientes da covid-19 é de 68,7% no estado

Ao menos seis Estados brasileiros já possuem ocupação superior a 70% de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) por conta do coronavírus. A situação é registrada em Espírito Santo, Pará, Ceará, Amazonas, Pernambuco e Rio – nesses dois últimos, a taxa passa de 90%, considerada de saturação por especialistas.

Com o avanço da doença, governos correm para levantar hospitais de campanha e ampliar o número de vagas. Médicos e gestores dizem que a pandemia ainda não teve seu pico no Brasil, o que deve elevar a pressão sobre os hospitais.

Em 40 dias, Pernambuco abriu 348 leitos de UTI e, segundo a gestão estadual, dez novas vagas, em média, têm sido ofertadas por dia. Mesmo assim, na quinta-feira (29), a taxa de ocupação dos leitos abertos já era de 96%.Secretário da Saúde de Pernambuco, André Longo atribuiu a saturação à falta de isolamento social.

“Reconhecemos que a situação dos nossos serviços de saúde é muito difícil, porque as pessoas estão adoecendo ao mesmo tempo. A falta de maior isolamento social, na casa dos 70%, tem feito pernambucanos adoecerem, procurarem os serviços de saúde ao mesmo tempo e isso tem levado à sobrecarga ”

Longo afirma ainda já haver fila por vaga em UTI. De acordo com ele, os “profissionais de saúde estão tendo de tomar opções sobre quem levar primeiro para terapia intensiva”.

O Rio de Janeiro abriu 287 leitos de UTI para pacientes com coronavírus, mas já possui 94% das vagas ocupadas, segundo a Secretaria da Saúde. Há pouco mais de duas semanas, diz a pasta, a taxa total no estado era de 63% e há uma fila de 369 pacientes. O Rio prevê abrir no hospital de campanha do Maracanã, 80 leitos de UTI.

O primeiro estado com sistema de saúde em colapso foi o Amazonas. A Secretaria de Saúde informa não ter dados de leitos de UTI de toda a rede estadual. Em Manaus, 89% dos leitos para covid-19 estão em uso. O governador Wilson Lima (PSC) disse que iria endurecer as regras de isolamento social para frear o surto.

Com 87% de ocupação, o Ceará prevê a criação gradativa de 403 novas vagas, conforme a compra de equipamentos e disponibilidade de profissionais. Na região de Fortaleza, o cenário é ainda mais grave: 97%.

Em São Paulo, epicentro da doença no Brasil, o índice de ocupação dos leitos destinados exclusivamente a pacientes da covid-19 é de 68,7% no estado e de 89% na região metropolitana. Nas últimas semanas, o Estado abriu 1.881 leitos de UTI exclusivos para covid-19 no SUS e montou três hospitais de campanha.

Alerta

Professor de Gestão em Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), Walter Cintra Ferreira classifica como “preocupante” o cenário. Um leito de UTI, afirma ele, depende de equipes especializadas e compra de equipamentos, de modo que o foco deveria ser em evitar a propagação da doença e criar alternativas de rápido atendimento dos infectados.

“As doenças não são combatidas no hospital, que é o último reduto. Quando chega ao hospital, já está com a batalha meio perdida. Temos de mobilizar a sociedade como um todo para conseguir medidas de contenção da transmissão e ter uma central única de leitos de UTI, públicos ou privados, e uma fila única”, afirma Cintra.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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