Estudo mostra que combinação entre deformações causou rompimento da barragem em Brumadinho

  • Por Jovem Pan
  • 12/12/2019 14h43 - Atualizado em 13/12/2019 09h31
Antonio Lacerda/EFE A barragem se rompeu em janeiro deste ano, provocando a morte de centenas de pessoas

A causa do rompimento da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), foi a combinação de “deformações específicas internas contínuas, devido ao creep e à pequena redução de força em uma zona insaturada pela perda de sucção por causa da água de fortes chuvas acumulada no local – aí incluídas as intensas chuvas do final de 2018”.

O resultado da investigação técnica foi apresentado pelo líder de um painel de especialistas, Peter Robertson, PhD em geotecnia pela Universidade British Columbia, no Canadá. As conclusões do grupo foram divulgadas nesta quinta-feira (12) em São Paulo.

“O creep ocorre quando o material tem uma carga constante e se deforma de maneira lenta. Isso acontece com alguns materiais, que sofrem uma carga muito forte, como, por exemplo, um talude íngreme com excesso de água, que vai sofrer o efeito de creep, com tensões de cisalhamento [tensão gerada por forças aplicadas em sentidos iguais ou opostos, em direções semelhantes, mas com intensidades diferentes] no material analisado”, explicou Robertson. “É uma deformação que acontece lentamente, mas a ruptura é abrupta.”

De acordo com ele, a novidade do estudo é a identificação da cimentação entre as partículas. “Em testes de laboratório, [constatou-se] o efeito da cimentação, e isso criou um material muito mais quebradiço, que perdia a resistência muito mais rapidamente”, observou.

Segundo o relatório do painel de especialistas sobre as causas técnicas do rompimento da Barragem I do Feijão, análises do estado de tensão dentro da estrutura mostraram ainda que partes significativas dela estavam sob carregamentos muito elevados devido a sua inclinação, ao alto peso dos rejeitos e ao nível de água.

“A construção de uma barragem íngreme a montante [método no qual a barreira de contenção recebe camadas do próprio material do rejeito da mineração], o alto nível de água, rejeitos finos fracos dentro da barragem e a natureza frágil dos rejeitos geraram as condições para o rompimento”, conclui o estudo.

O painel foi contratado por um escritório de advocacia em nome da Vale SA para apurar as causas técnicas do rompimento. O relatório completo está disponível neste link.

A barragem se rompeu em janeiro deste ano, provocando a morte de centenas de pessoas. Ainda há desaparecidos.

*Com Agência Brasil

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