“Evidente” que devolveria salário se ganhasse acima do teto, diz Haddad
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), evitou nesta sexta-feira, 8, classificar a atitude de Eduardo Suplicy, ex-senador petista e agora ex-secretário municipal de Direitos Humanos, que devolveu aos cofres públicos a própria remuneração líquida de R$ 176,2 mil acumulada em mais de um ano no cargo de titular da pasta.
Haddad se limitou a defender que o gesto deveria ser replicado por aqueles que recebem acima do teto do funcionalismo público (R$ 33,7 mil), caso de Suplicy.
Questionado se seguiria o exemplo do ex-senador petista, o prefeito afirmou que devolveria o salário caso fosse remunerado com um valor superior ao teto do funcionalismo. “Se eu recebesse acima do teto? Evidente (que devolveria). Acho que ninguém deveria receber acima do teto no Brasil. É um equívoco muito grande. O salário mínimo é menos de R$ 1 mil. Não tem razão nenhuma para ninguém receber acima do teto no Brasil, que é mais de 30 vezes esse valor. O gesto do Suplicy pode e deve ser seguido por quem recebe acima do teto.”
Nesta quinta-feira, 7, Suplicy afirmou em seu perfil no Facebook ter devolvido R$ 176.267,67 mil à Prefeitura. O valor representa a soma dos salários que acumulou no Município desde que assumiu o cargo, em fevereiro do ano passado.
A decisão de devolução da remuneração foi tomada após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrar que a soma do salário pago pela Prefeitura (R$ 19,2 mil) e da aposentadoria como senador (R$ 33 mil) daria a Suplicy um rendimento mensal de R$ 52 mil – valor acima do teto do funcionalismo público, que é o subsídio de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), fixado hoje em R$ 33,7 mil.
No post, o petista afirma que a quantia será repassada ao recém-criado Fundo Municipal de Cidadania – uma cópia da abertura da conta foi publicada juntamente com a informação.
A doação de Suplicy tem como objetivo financiar a implementação da Renda Básica de Cidadania em São Paulo, projeto idealizado e defendido pelo petista há pelo menos 12 anos, quando a lei que instituiu a iniciativa no Brasil foi aprovada pelo Senado Federal.
O programa prevê o pagamento de uma espécie de bolsa a todos os cidadãos, que passariam, então, a participar oficialmente da distribuição das riquezas produzidas na região que vivem.
Como o programa ainda não existe na capital e também não há sinalização de que será implementado, Haddad destacou que o importante é o valor “voltar” para a assistência social. “Tem o Comas (Conselho Municipal de Assistência Social) que pode decidir a destinação”, disse.
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