Ex-dirigente da Camargo Corrêa diz em CPI que construtora foi cobrada por propinas atrasadas

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 26/05/2015 14h44
Marcelo Camargo/Agência Brasil Ex-vice-presidente da Camargo Corrêa

O executivo Eduardo Hermelino Leite, ex-vice-presidente da construtora Camargo Côrrea, disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras que a empresa ficou devendo pagamento de propina aos ex-diretores da Petrobras Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento).

Ele já havia dito no início do depoimento que Renato Duque cobrou R$ 13 milhões de dívidas relativas a propinas mesmo depois de deixar o cargo de diretor da Petrobras. Segundo Leite, ele cobrou o débito e pediu para que o pagamento fosse feito por meio da contratação de uma empresa de consultoria de fachada que ele abriu. “Mas nós só pagamos R$ 3 milhões desse total”, explicou Leite.

Ele disse que o mesmo ocorreu em relação a Paulo Roberto Costa, que também recebeu R$ 3 milhões em propinas atrasadas depois que deixou a estatal.

Petrobras continua a pagar sobrepreço

O executivo disse que a Petrobras continua a pagar sobrepreço relativo ao valor de propina nos contratos feitos com as empresas acusadas de formação de cartel. Leite, que é ex-vice-presidente da construtora Camargo Côrrea, fez essa afirmação ao responder pergunta do deputado Altineu Cortes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI da Petrobras.

Mais cedo, Leite havia dito à CPI que os valores relativos ao pagamento de propina eram de 2% sobre os valores dos contratos e que esse percentual era acrescido nas propostas da Camargo Corrêa à Petrobras. 

Desses 2%, metade era destinada à diretoria de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa, e a outra metade para a diretoria de Serviços, ocupada por Renato Duque.

O deputado Altineu Cortes quis saber se a Camargo Corrêa fez o desconto desses 2% nos valores dos contratos depois de deixar de pagar a propina, em decorrência da Operação Lava Jato. “Não”, respondeu o executivo. “Então a Petrobras continuou a pagar o sobrepreço mesmo depois que cessou o pagamento de propina?”, perguntou o deputado. “Acredito que sim. Acho que isso tudo continua existindo porque tinha como fundamento maus projetos. O conjunto dessa obra continua existindo lá”, disse Leite.

Choro

O executivo chorou durante depoimento à CPI da Petrobras, ao responder pergunta do deputado Carlos Andrade (PHS-RR) sobre o que o levou a fazer acordo de delação premiada com a Justiça.

Leite começou a explicar que a delação premiada foi uma estratégia jurídica, principalmente depois que seu nome foi mencionado na Operação Lava Jato. Segundo ele, a imagem pública de sua família também pesou na decisão.

O executivo ficou com a voz embargada ao falar dos filhos e foi obrigado a tirar os óculos para enxugar as lágrimas. “É nesses dois momentos que eu provoco prejuízo de imagem à minha família”, disse.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.