Ex-ministro Eros Grau não vê ameaça em fala de general

  • Por Estadão Conteúdo
  • 04/04/2018 12h49
Divulgação Divulgação "Para mim, o importante é que haverá ordem. Isso não implica passar por cima do preceito institucional", disse o ex-ministro

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau, que foi torturado nos porões do DOI-Codi durante a ditadura militar (1964-1985), avaliou que as declarações do comandante do Exército, general Villas Bôas, não representam ameaça à democracia. “Ele fez um comentário. O País vive momento de grande expectativa”, disse. “Para mim, o importante é que haverá ordem. Isso não implica passar por cima do preceito institucional.”

Na época da ditadura, Eros militava no PCB, o “Partidão”, e atuava como advogado de perseguidos pelo regime. Não participou da luta armada. Nos anos de chumbo, quando o País era comandado pelo general Emílio Garrastazu Médici, o ex-ministro passou uma semana no DOI-Codi, em São Paulo, o mais famoso centro de tortura da ditadura. Foi indicado para o Supremo em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terá o pedido de habeas corpus julgado pela Corte nesta quarta-feira, 4.

As declarações do general Villas Bôas foram interpretadas de diferentes formas e repercutiram entre outros militares e políticos. Também causaram repúdio por parte do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e da OAB.

O comandante do Exército escreveu, na noite desta terça-feira, 3, que a instituição compartilha “o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”

Os que defendem a mensagem de Villas Bôas endossam o discurso de ordem em defesa da rejeição do pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula. Já os críticos das declarações alegam que não cabe ao Exército interferir em questões do Judiciário ou dos outros Poderes.

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