Ex-presidente do BC avalia 100 dias de Bolsonaro: ‘Estresse político superou a distensão econômica’

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2019 16h14 - Atualizado em 10/04/2019 16h33
Fábio Motta / Estadão Conteúdo FÁBIO MOTTA / Estadão Conteúdo Langoni citou como primeiro passo para um novo estágio de crescimento a aprovação da reforma da Previdência

Ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o economista Carlos Langoni, em entrevista ao Jornal Jovem Pan, fez um balanço econômico dos cem dias do governo de Jair Bolsonaro. “Nesses primeiros dias, eu diria que o estresse político superou a distensão econômica, o que de certa forma já era esperado”, afirmou. Ele ainda citou como primeiro passo para um novo estágio de crescimento sustentado a aprovação da reforma da Previdência.

“A reforma passa por uma difícil negociação com o Congresso, apesar da sua absoluta necessidade. É a única forma de reverter a tendência explosiva da relação entre a dívida pública e o PIB, que pode levar o país a uma situação de insolvência, para que só depois possamos ter uma agenda pró crescimento”, disse.

Langoni acredita, ainda, que essa incerteza política é responsável pelo baixo crescimento econômico, o que afeta a percepção de risco do País – refletindo negativamente em juros futuros e colocando um certo freio na própria tendência de alta do mercado acionário. “Isso já era esperado, porque o mercado e todo o setor produtivo sabem que é preciso aprovar a Reforma da Previdência e implantar um ajuste fiscal consistente e duradouro para que a economia brasileira deslanche”.

Langoni também citou a necessidade da reforma Tributária brasileira, pois o sistema existente é caótico e tem uma “multiplicidade de impostos que gera distorções alocativas, excesso de incentivos e subsídios setoriais, além de uma complexidade tributária que restringe o investimento”. O economista acredita que essa reforma deve ser implementada em paralelo com o avanço da reforma da Previdência no Congresso, o que seria um incentivo na mudança da estagnação da atividade econômica.

No entanto, mantém-se positivo de que a crise será superada, pois há uma sequência de implementação de ótimas políticas econômicas. Além da reforma da Previdência, segundo ele, haverá um aumento das concessões e privatizações, e serão liberalizados vários setores da economia. “Está a caminho, por exemplo, uma revolução no gás natural, que poderá reduzir o custo na metade para o setor industrial. Isso é uma alavanca para estimular os investimentos privados, principalmente nos setores de energia”, disse.

Confira a entrevista completa:

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