Ex-STF entende que mensalão “preparou mecanismos” para julgamento do petrolão

  • Por Jovem Pan
  • 12/12/2014 11h58
Carlos Humberto/SCO/STF Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal

Em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta-feira, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Francisco Rezek disse acreditar na condenação de envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras (o “petrolão”), investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.

Rezek lembra que houve várias dúvidas se haveria ou não condenação no decorrer do processo mensalão, escândalo de 2005 a 2006 que teve mais de quatro meses de julgamento no Supremo Tribunal Federal. “Desde então, não pode haver mais dúvida nenhuma (de que vai haver condenação), até porque esse começa sem envolver o núcleo político”, avaliou Rezek. Já o mensalão começou no Congresso e foi diretamente ao Supremo.

“O processo do mensalão preparou os mecanismos do Estado brasileiro para funcionarem melhor em horas críticas como essa, diante de grandes processos que envolvem o setor privado, envolvem também a classe política, envolvem sobretudo os núcleos estatais e empresariais, como a Petrobras”, analisou Rezek.

O jurista acredita que em breve políticos serão envolvidos nos núcleos de acusação. “Não há dúvida de que, não do Congresso Nacional, mas do Paraná virão informações suficiente para que a Procuradoria Geral da República empreenda um processo contra o núcleo político da história da Petrobras, aí sim no Supremo Tribunal Federal”, afirmou Rezek, classificando a postura de Marco Maia (PT), que não indiciou ninguém no relatório final da CPMI da Petrobras, de “patética”.

“Depois da experiência que foi o processo do mensalão, a AP-470, as condições em que nós nos encontramos para levar a cabo um processo dessa dimensão em prazo muito mais curto”, disse ainda o ministro.

Outra razão para um processo mais rápido até chegar no STF seria a independência do caso do petrolão em relação ao Congresso. “Eu não vejo neste momento razão nenhuma para ter medo de que as coisas não funcionem, não andem depressa”, disse Rezek. “Acredito piamente (na rapidez do processo), sobretudo porque isso não depende da classe política, depende do Ministério Público e do Judiciário.”

Neste momento, a denúncia contra 36 pessoas envolvidas no primeiro núcleo foi formulada junto à Justiça Federal do Paraná.

Ouça a entrevista completa de Francisco Rezek no áudio acima.

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