Exame que avalia ensino superior brasileiro, Enade é ‘reprovado’ em relatório da OCDE

  • Por Jovem Pan
  • 22/12/2018 12h48 - Atualizado em 22/12/2018 12h50
Sérgio Neves/Estadão Conteúdo prova Análise foi solicitada pelo Ministério da Educação

A principal avaliação do ensino superior brasileiro foi criticada em um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A análise considerou que o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) tem objetivos “irreais” e falha na tentativa de atestar a qualidade de cursos de graduação.

Divulgado na sexta-feira (21), o estudo foi feito a pedido do Ministério da Educação. Segundo a OCDE, o exame tem “fraquezas significativas” em concepção, elaboração, objetivos e resultados obtidos. Por isso, recomenda à pasta que avalie se vale a pena mantê-lo.

“É questionável se a qualidade e a utilidade dos resultados obtidos com o exame justificam o gasto de dinheiro público”, afirma o relatório. Em 2017, o Enade custou R$ 118 milhões.

Criado em 2004, o exame é obrigatório e avalia o rendimento de alunos em em relação aos conteúdos específicos dos cursos e em conhecimentos gerais, com o objetivo de avaliar as graduações. No final, as notas são convertidas em escala de um a cinco, assim como ocorre na avaliação do perfil de professores e infraestrutura das faculdades.

Problemas

O primeiro problema da prova, segundo o relatório, está relacionado à participação dos estudantes. Apesar de ser obrigatório, o Enade não tem impacto no histórico escolar. Logo, a abstenção chega a até 15% em razão de disso. Há ainda evidências de que uma “proporção significativa” de alunos que deixam grande parte das questões em branco.

Em relação ao formato, a OCDE critica a avaliação de conhecimentos gerais, o que é “problemático” ao exigir que alunos de todas as graduações tenham adquirido saberes e habilidades genéricas a serem cobradas. Na parte específica, o relatório considera que o conteúdo pode “engessar” cursos, pois faculdades restringiriam o ensino ao tópicos questionados no Enade, para, assim, obter uma nota melhor.

A forma do exame também não permitiria comparações entre edições diferentes, apontando melhora ou piora nos cursos ao longo dos anos. “Atualmente, os resultados do Enade são usados como base para decisões regulatórias (por exemplo, a renovação do reconhecimento de um curso de graduação), mas não são usados pelas instituições de ensino e professores para identificar o que precisam melhorar em seus cursos.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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