Exclusivo: Defesa de pescador acusado de matar Bruno e Dom abre mão de recurso e pede julgamento imediato pelo júri
Advogados de Amarildo da Costa Oliveira, réu confesso no caso dos assassinatos, entendem que essa é a ‘forma mais adequada para assegurar uma análise justa dos fatos’
A defesa de Amarildo da Costa Oliveira, réu confesso no caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, anunciou nesta segunda-feira (23) que desistiu de recorrer das decisões judiciais e solicitou o julgamento imediato do réu pelo Tribunal do Júri. Em petição enviada ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, os advogados de Amarildo argumentaram que ele está preso há mais de dois anos em um presídio federal de segurança máxima e que, durante esse período, foi “injustificadamente transformado em um monstro”. A defesa afirmou ainda que Amarildo deseja ser julgado “com justiça pelos seus pares”. “Essa medida tem como objetivo garantir que Amarildo seja julgado com justiça, imparcialidade e transparência no Tribunal do Júri. A defesa entende que essa é a forma mais adequada para assegurar uma análise justa dos fatos. O pescador Amarildo encontra-se preso há mais de dois anos em um Presídio Federal, juntamente com pessoas da mais alta periculosidade, em condições de isolamento e sem contato com sua família”, disseram, em nota, os advogados do reú.
O caso Dom Phillips e Bruno Pereira ganhou repercussão internacional em junho de 2022, quando os dois desapareceram na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, próximo à fronteira com o Peru. Bruno Pereira, servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), e Dom Phillips, jornalista freelancer que colaborava para veículos como o jornal britânico The Guardian, estavam na região em uma expedição para investigar e denunciar atividades ilegais, como pesca e mineração em terras indígenas. O desaparecimento mobilizou forças de segurança e gerou grande comoção, tanto no Brasil quanto no exterior.
Dias após o início das buscas, Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, foi preso como suspeito. Posteriormente, ele confessou envolvimento nos assassinatos, indicando o local onde os corpos de Bruno e Dom foram encontrados. A investigação apontou que os dois foram mortos enquanto realizavam o trabalho de documentação das atividades criminosas na região, que é conhecida por ser um território de constantes conflitos envolvendo invasores e traficantes de drogas. Amarildo foi apontado como parte de um grupo que praticava pesca ilegal em terras indígenas e que teria se sentido ameaçado pela presença de Bruno Pereira, que auxiliava na proteção do território e nas denúncias dessas práticas. O Ministério Público Federal apresentou denúncia contra Amarildo e outros envolvidos no crime por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
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