Exclusivo: Professor é preso investigado por pornografia infantil na internet
Mardney de Castro, de 37 anos, atuava nas redes pública e privada do Ceará e guardava material desde 2018; defesa do docente não retornou até publicação da reportagem
Um professor, que trabalhava em duas escolas, uma da rede pública estadual do Ceará e outra particular, foi preso em casa, na semana passada, após confessar ter produzido e armazenado material de pornografia infantil. Com o suspeito, foram apreendidos dois computadores e um celular, onde estão fotos e vídeos pornográficos com crianças e adolescentes. Mardney Ferreira de Castro, de 37 anos, é solteiro e dava aulas de Matemática em uma escola privada em Fortaleza, localizado na Avenida Bezerra de Menezes, e era coordenador da Escola de Ensino Médio e de Tempo Integral Antônio Geraldo de Lima, em Itaitinga, na região metropolitana de Ceará.
Colegas de trabalho do docentes ouvidos pela reportagem foram unânimes em afirmar que nunca desconfiaram da conduta do professor. “Assim que soubemos da investigação, a direção da escola já solicitou a exoneração. Trabalha há quatro anos com a gente, foi promovido por ser um excelente profissional, jamais poderíamos imaginar. Fomos todos pegos realmente de surpresa, quem vê cara, não vê coração”, comenta um profissional da escola que pediu pra não ser identificado. Outro professor, que também dá aula para alunos entre 14 a 18 anos no colégio em Itaitinga, comenta que o colega era o mais badalado entre os adolescentes. “Sabe aquele professor que todo aluno gosta? Pois é. Criativo, dinâmico e prestativo. Como poderíamos imaginar algo deste tipo?”, questiona outro, que também terá a identidade preservada.
Pornografia infantil: Professor era investigado há meses
A Delegacia Especializada no Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) investiga o caso desde junho deste ano e contou com a ajuda do serviço de inteligência das Polícias Federal e Civil, além de plataformas como Google, Meta (Facebook, Whatsapp e Instagram), Tinder, entre outras. Segundo o delegado titular da Dececa, Carlos Alexandre Marques, os suspeitos em abusos sexuais contra menores e crimes cibernéticos envolvendo materiais sexuais e de pornografia infantil estão sendo investigados e presos com a ajuda das redes sociais e sites de buscas. “Um tratado mundial entre as entidades policiais no combate a exploração sexual, tráfico de pessoas, tudo o que envolve crianças e adolescentes, recebe algum tipo de alerta das plataformas de pesquisas, que apontam que determinado suspeito está pesquisando materiais pornográficos e buscas sobre o tema. No caso da prisão deste professor, fomos avisados que, desde 2018, ele produzia e mantinha um banco de dados com fotos de meninos nus, configurando pornografia infantil e abuso sexual contra menor” explica Marques à reportagem.
A polícia já possui informações de que pelo menos três alunos do professor aparecem nus em arquivos localizados nos computadores que foram apreendidos. A Dececa, com a ajuda do delegado Carlos Alexandre, criou o Núcleo de Inteligência que Investiga Crimes Cibernéticos contra Crianças e Adolescentes (NUICCA), responsável por mais de dez operações sobre o assunto deflagradas em um ano. No total, mais de uma dezena de pessoas foi presas.
Professor foi preso antes de ir trabalhar
A prisão preventiva aconteceu em Messejana, bairro da região Sul de Fortaleza, no momento em que o professor se preparava para mais um dia de trabalho em Itaitinga. Segundo informações obtidas pela reportagem, os alunos flagrados nus no material aprendido são crianças entre de 7 e 12 anos, possivelmente fotografados no colégio privado de Fortaleza. Nas fotos, as crianças, todas do sexo masculino, aparecem nuas da cintura para baixo, com foco na região genital. De acordo com a investigação, o preso tinha predileção por meninos de 7 a 12 anos, mais vulneráveis, dificultando que o professor fosse descoberto pelos responsáveis do colégio ou pelos próprios pais dos menores. Os investigadores também afirmam que os menores eram fotografados no vestuário, sem consentimento. “O investigado admitiu que baixava vídeos pornográficos com crianças desde 2010, que produziu esse material dentro da escola, e que ainda sofre com uma compulsão por sexo com menores de idade”, comenta o delegado.
A Polícia Civil continua as diligências e pretende, a partir de agora, identificar os familiares dos alunos que foram fotografados pelo suspeito. Como o homem atua desde 2018, possivelmente os meninos já estão com outras idades. Em nota, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), em conjunto com a Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede), informou que exonerou o profissional do cargo de coordenador logo que tomou conhecimento da prisão. “Estão sendo adotadas todas as providências, como a abertura de um processo administrativo. A Seduc repudia todo tipo de assédio, dentro ou fora do ambiente escolar”, reforça a nota. A Jovem Pan procurou a advogada do professor, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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