Fatura do telefone de Temer era cobrada em empresa de coronel preso, diz procuradora

  • Por Rafael Iglesias/Jovem Pan
  • 21/03/2019 19h07 - Atualizado em 21/03/2019 21h30
ANDRE DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO Ex-presidente da República foi preso na manhã desta quinta-feira em São Paulo

A procuradora Fabiana Schneider, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, disse nesta quinta-feira (21) que a fatura do telefone de Michel Temer era endereçada à empresa que estaria envolvida em esquema criminoso liderado pelo ex-presidente.

Temer foi preso em São Paulo nesta manhã.

“O telefone que Michel Temer usava estava cadastrado para cobrança na Argeplan”, afirmou. A Argeplan, de coronel João Batista Lima Filho (também preso nesta quinta), seria responsável pela lavagem do dinheiro de propinas destinadas ao emedebista.

Esse grupo criminoso que foi preso hoje tem atuação há praticamente 40 anos. Coronel Lima e Temer atuam desde a década 80 juntos. Ambos se conheceram quando Temer ocupou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo e Lima era seu assessor militar.”

Argeplan

Fabiana destacou que, já nos anos de 1980, o coronel passou a trabalhar na Argeplan, que atualmente “vem atuando em diversos contratos públicos”. Ela explicou que a partir de documentos apreendidos foi possível notar um “crescimento exponencial nas contratações da Argeplan no período em que Temer atuou em cargos púbicos”.

Entretanto, para ela, os 10 mandados de prisão expedidos nesta quinta (oito preventivos e dois temporários) focaram em “só um braço da organização que vem atuando até os dias de hoje em contratos que se prolongam” durante anos. “Existe uma planilha que demonstra que pagamentos foram feitos para o codinome ‘MT’, ou seja, Michel Temer.”

A procuradora informou durante entrevista coletiva que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou uma “tentativa de depósito de R$ 20 milhões em espécie na conta da Argeplan”, fato que ainda está sendo investigado. “Isso aconteceu em outubro de 2018, ou seja, um fato extremamente recente”, constatou.

Bilhão

A organização criminosa liderada pelo ex-presidente Michel Temer recebeu R$ 1,8 bilhão em propinas ao longo de todas ações investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, informaram procuradores nesta quinta-feira (21). Pela manhã, o emedebista foi preso preventivamente em São Paulo, tendo sido levado para o Rio de Janeiro.

“Essa é a soma dos valores que a organização criminosa comandada por Michel Temer teria desviado, que ele já foi acusado de ter recebido. Esse valor foi colocado na peça para mostrar o quão perigosa é essa organização. Ocupando o cargo mais alto da República, praticou os crimes mais graves da legislação penal”, disse o procurador Eduardo El Hage.

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