Feira do Livro acaba neste domingo após nove dias de evento
Festival trouxe editoras grandes e pequenas, fomentando a literatura nacional e internacional; evento acontece na Praça Charles Miller, no Pacaembu
A Feira do Livro, que está acontecendo desde a última semana na Praça Charles Miller, no Pacaembu, tem movimentado a região e os leitores assíduos que por ali passam. Em um formato novo, o festival deste ano contou com nove dias de evento e vai até o domingo (8). Com o propósito de trazer editoras já renomadas e aquelas menores, inclusive independentes, o evento contou com uma programação que teve desde palestras sobre temas diversos, espaço para autógrafos, dinâmicas infantis e para de alimentação. Com mais de 100 expositores, o festival tem impulsionado a venda de livros, mas também o amor e carinho para o próximo, pois estão com uma campanha de doação de livros que serão destinados ao Rio Grande do Sul – estado que sofreu fortemente com as chuvas nos últimos meses.
Entre os que passaram por ali está a estudante de filosofia Giovana Shibata, que é de Sorocaba, interior do estado, mas que veio até a capital exclusivamente para prestigiar o evento. Pela primeira fez na Feira do Livro, a estudante se assustou um pouco com os preços dos produtos. “Eu achei que teria mais promoções, e não tinha descontos específicos”, disse ela. Apesar disso, a experiência valeu a pena. “Tinham muitos livros que não tinham na minha cidade, por exemplo. As pessoas que me atenderam foram super simpáticas”. Ela contou animada sobre as “comprinhas” que fez. “Só dá para fazer uma comprinha, né?”, brincou ela.”Eu comprei “A transcriação” de Aurélio de Campos. É uma inspiração intelectual muito forte para mim e eu queria estudar mais. Era um livro que eu estava querendo há muitos anos”. “A experiência foi muito boa, eu pretendo voltar o ano que vem. É meio que minha galera. Eu bato papo com as pessoas e elas me entendem”, refletiu.
Para o professor Rodrigo Luiz Lima a feira não era novidade, já que ele participou das duas últimas edições do evento. Por ser professor, ele acaba tendo desconto nas compras e essa parte compensa bastante. “Como os livros no Brasil acabam sendo um pouco caro, e o salário de professor não é aquelas coisas, é bom. Dá para gente comprar bastante coisa, encontrar coisas que são difíceis de serem encontradas em livrarias comuns”.
Entretanto, Rodrigo adverte que a feira é um local para um público de uma classe social muito específica e que essa realidade deveria ser mudada pela organização. “Eu acho que facilitar o acesso a essas feiras para pessoas que não teriam a oportunidade de estar aqui. Trazer escolas…Facilitar o acesso à feira em si, mas também o acesso aos livros”.
O professor explica que além de adquirir livros para uso pessoal, ele acaba comprando produtos para ajudar na profissão. “A gente também compra livro para preparar aula, para selecionar texto para passar aos alunos, para prova. Às vezes a gente (professores) pega até livro para ver se é interessante ter na escola”, explicou ele.
Eduardo Lacerda, que é editor e proprietário da editora independente Patuá, a experiência de participar da feira é sempre enriquecedora. Pelo terceiro ano consecutivo, a editora trouxe lançamentos exclusivos para o evento, 120 ao todo, e proporcionou até mesmo bate-papo entre os leitores e escritores das obras. Como uma das características especiais da editora, Edu, como prefere ser chamado, aposta em escritores novos no mercado, aqueles que estão lançando o primeiro livro e procura fugir do eixo Rio-São Paulo, explorando outras localidades como norte e nordeste, centro-oeste. “Nosso filtro é todo literário e não financeiro. Apesar de precisar vender os livros”, brincou. A editora conquistou e participou de alguns prêmios, entre eles quatro vezes o prêmio de literatura de São Paulo, três vezes o prêmio Jabuti, finalistas do prêmio Oceano e Casa de Las Américas (prêmio Cubano).
Em relação ao formato do evento, o editor revela que esta edição foi um pouco instigante.”Esse ano foi um pouco diferente, pois pelo formato de nove dias, acabamos pegando o dia da semana e nós não estávamos acostumados”. Para ele, o novo formato do festival é um desafio. “É um desafio criar publico leitor. Acho que é preciso a gente vir, ocupar esses espaços”.
Mas nem tudo são flores, ou melhor, livros no festival. O editor e proprietário Álvaro Gentil, que mora em Belo Horizonte, veio diretamente para São Paulo para expor os produtos da editora Ramalhete e da Miguilim. Gentil participa pela segunda vez do evento, mas sentiu que a edição deste ano não favoreceu suas vendas, já que ele ficou no fundo da praça e as pessoas geralmente só visitam os primeiros estandes. “A posição na entrada favorece, pois há um movimento quase que permanente. Esse ano estamos um pouco afastados e aquela falha que talvez tenha que ser corrigida”, explicou ele. “Desse jeito prejudica todos que estão aqui (referência a quem está no fundo do evento)”.
Mesmo com este ponto negativo que o editor cita, ele acredita que vale a pena a experiência e a vinda para a feira. “Mesmo que tenhamos prejuízo acredito que vale a pena, porque é o ar literário, é minha casa, onde me sinto bem. Poderia ser melhor…”. “As vendas foram bem frágeis”, lamenta ele, com a esperança de que neste sábado (6) e domingo (7) tenha mais movimento.
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