Festival no Rio traz intervenções artísticas e musicais sobre o ano de 2025

Como será o futuro, por exemplo, no ano de 2025? Pelo menos no campo artístico, o barulho poético e simbólico vai permear a união entre imagem e música, sem diferença entre o real e o virtual, o natural e o eletrônico, entre o novo e o antigo, “pois sabemos que estas questões convivem juntas, em harmonia e se complementam”.

Essa é a proposta deste ano do Festival Multiplicidade, cuja 13ª edição, que começa hoje (7) no Oi Futuro Flamengo, já celebra e antevê os 20 anos do evento, a ser comemorado em 2025. Até 11 de novembro, estão previstas performances, apresentações, instalações, oficinas, laboratórios de criação, palestras e muito barulho, principalmente no sentido figurado. O encerramento será com uma festa-ocupação no Armazém da Utopia, na zona portuária.

Para o curador, Batman Zavareze, o tema preconiza a possibilidade de transformar o mundo com arte, inquietação, curiosidade, experimentação e poesia. “Na questão artística, política e de uma maneira geral, não é uma coisa só do Brasil, é do mundo, tem um retrocesso e um policiamento, uma discussão que eu achei que já estávamos superados. Mas isso aumenta o alerta nesse momento de crise aguda que a gente está vivendo, que a gente tem que pensar adiante, com mais afeto, mais amor, mais poesia, porque senão a gente vai andar para trás, de uma maneira talvez irreversível”.

O festival tem investido em plataformas e projetos artísticos para pensar o futuro com mais afeto. “Qual é a plataforma cultural que a gente quer entregar para a cidade, para o meio artístico, para a cena? É completamente dissonante com o fazer artístico de hoje, a nossa relação educacional através da arte, o que a poesia causa na nossa alma. A gente quer uma outra plataforma quando a gente estiver comemorando os 20 anos do festival”, explica Zavareze.

Como exemplo, o curador cita o cinema 360 graus, inteligência artificial e robótica, “algumas linguagens que estão sendo inseridas hoje com muita novidade no campo das artes”. Ele afirmou que a sugestão das antevisões foi feita pelo músico Tom Zé, no fim da décima edição do festival.

“Quando a gente fez os 10 anos em 2014, Tom Zé fez a última apresentação do Multiplicidade e me cantou no ouvido: ‘depois da revisão, não deixe de fazer a antevisão’. Eu levei seis meses para processar isso, mas quando eu entendi o que ele estava falando, em vez de assumir que estaríamos em 2015, nos projetamos para 2025. É um festival de arte e tecnologia, que fala de linguagens artísticas entremeadas com ferramentas do futuro, então a gente não deveria negar essa prospecção de olhar para a frente”.

Programação

Na abertura do Multiplicidade, a partir das 18h, será lançado o livro do festival, seguido de palestra do músico Marcelo Brissac sobre arte contemporânea na música, o exercício de escuta e a necessidade de interpretar as muitas informações sonoras, como falas, músicas e ruídos. Às 20h, tem apresentação da fragmentada Quasi Orquestra.

“Começa com um grupo de músicos virtuoses de orquestras representativas do Rio de Janeiro, fazendo na abertura um manifesto sinfônico experimental. Os músicos começam tocando juntos, no projeto Quasi Orquestra, que em latim é fragmento. Em determinado momento eles vão se espalhar pelos oito andares do Oi Futuro e qualquer pessoa, em qualquer ponto do prédio, vai conseguir ouvir a peça inteira. Simbolicamente, aponta para a situação instável das orquestras, não sabemos se elas vão continuar, se os músicos do Theatro Municipal vão receber”, explica o curador.

Zavarese destaca que, entre os dias 17 a 21 de outubro, dez representantes do povo Kuikuro, do Xingu, farão uma imersão artística e diversas apresentações no festival, a primeira participação indígena nos 13 anos do Multiplicidade, abordando temas como forças da natureza, cinema, rituais e linguagens.

Outra atração é o laboratório montado no térreo do prédio no Flamengo, um aquário com 15 pessoas trabalhando observando os seres humanos que visitarem, trabalhando colaborativamente. “Esse ano o Multlab está criando o processo pra entender o que fica depois de toda essa reverberação, o que vai ficar pra gente colher. Esse ano o tema é barulho, no sentido mais simbólico e poético possível. A intenção não é aumentar o volume, pegar uma corneta ou bater panela num estardalhaço. É entender o que fica depois da gritaria, dessa sobreposição de várias pessoas falando ao mesmo tempo. A gente está querendo entender, através da escuta e do diálogo, uma possibilidade que a gente pode estar colhendo no futuro. Esse é o barulho que a gente quer causar este ano”.

Entre as atrações também está o punk percursivo da dupla italiana Ninos Du Brasil; o encontro entre a música de Paul Jebanasam, do Sri Lanka, com a criação em videoarte de Tarik Barri, da Holanda, na performance Continuum AV; o espetáculo tecnológico de ruídos e luzes Field, do canadense Martin Messier; o minimalismo digital do francês Alex Augier em _nybble_; a obra “O barulho é visual/O bagulho é visual”, da artista e poeta concretista Lenora de Barros; o cinema sensorial do espanhol Carlos Casas; uma instalação do coletivo Manifestação Pacífica e obras de DMTR, Fabiano Mixo e Gabriela Mureb.

No último dia do festival, 11 de novembro, o Multiplicidade vai ocupar o Armazém da Utopia, na zona portuária do Rio de Janeiro, com uma sequência de artistas de 23h às 4h. A programação completa pode ser consultada no site do festival.

  • Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
  • 07/10/2017 15h13
  • BlueSky

Como será o futuro, por exemplo, no ano de 2025? Pelo menos no campo artístico, o barulho poético e simbólico vai permear a união entre imagem e música, sem diferença entre o real e o virtual, o natural e o eletrônico, entre o novo e o antigo, “pois sabemos que estas questões convivem juntas, em harmonia e se complementam”.

Essa é a proposta deste ano do Festival Multiplicidade, cuja 13ª edição, que começa hoje (7) no Oi Futuro Flamengo, já celebra e antevê os 20 anos do evento, a ser comemorado em 2025. Até 11 de novembro, estão previstas performances, apresentações, instalações, oficinas, laboratórios de criação, palestras e muito barulho, principalmente no sentido figurado. O encerramento será com uma festa-ocupação no Armazém da Utopia, na zona portuária.

Para o curador, Batman Zavareze, o tema preconiza a possibilidade de transformar o mundo com arte, inquietação, curiosidade, experimentação e poesia. “Na questão artística, política e de uma maneira geral, não é uma coisa só do Brasil, é do mundo, tem um retrocesso e um policiamento, uma discussão que eu achei que já estávamos superados. Mas isso aumenta o alerta nesse momento de crise aguda que a gente está vivendo, que a gente tem que pensar adiante, com mais afeto, mais amor, mais poesia, porque senão a gente vai andar para trás, de uma maneira talvez irreversível”.

O festival tem investido em plataformas e projetos artísticos para pensar o futuro com mais afeto. "Qual é a plataforma cultural que a gente quer entregar para a cidade, para o meio artístico, para a cena? É completamente dissonante com o fazer artístico de hoje, a nossa relação educacional através da arte, o que a poesia causa na nossa alma. A gente quer uma outra plataforma quando a gente estiver comemorando os 20 anos do festival”, explica Zavareze.

Como exemplo, o curador cita o cinema 360 graus, inteligência artificial e robótica, “algumas linguagens que estão sendo inseridas hoje com muita novidade no campo das artes". Ele afirmou que a sugestão das antevisões foi feita pelo músico Tom Zé, no fim da décima edição do festival.

“Quando a gente fez os 10 anos em 2014, Tom Zé fez a última apresentação do Multiplicidade e me cantou no ouvido: 'depois da revisão, não deixe de fazer a antevisão'. Eu levei seis meses para processar isso, mas quando eu entendi o que ele estava falando, em vez de assumir que estaríamos em 2015, nos projetamos para 2025. É um festival de arte e tecnologia, que fala de linguagens artísticas entremeadas com ferramentas do futuro, então a gente não deveria negar essa prospecção de olhar para a frente”.

Programação

Na abertura do Multiplicidade, a partir das 18h, será lançado o livro do festival, seguido de palestra do músico Marcelo Brissac sobre arte contemporânea na música, o exercício de escuta e a necessidade de interpretar as muitas informações sonoras, como falas, músicas e ruídos. Às 20h, tem apresentação da fragmentada Quasi Orquestra.

“Começa com um grupo de músicos virtuoses de orquestras representativas do Rio de Janeiro, fazendo na abertura um manifesto sinfônico experimental. Os músicos começam tocando juntos, no projeto Quasi Orquestra, que em latim é fragmento. Em determinado momento eles vão se espalhar pelos oito andares do Oi Futuro e qualquer pessoa, em qualquer ponto do prédio, vai conseguir ouvir a peça inteira. Simbolicamente, aponta para a situação instável das orquestras, não sabemos se elas vão continuar, se os músicos do Theatro Municipal vão receber”, explica o curador.

Zavarese destaca que, entre os dias 17 a 21 de outubro, dez representantes do povo Kuikuro, do Xingu, farão uma imersão artística e diversas apresentações no festival, a primeira participação indígena nos 13 anos do Multiplicidade, abordando temas como forças da natureza, cinema, rituais e linguagens.

Outra atração é o laboratório montado no térreo do prédio no Flamengo, um aquário com 15 pessoas trabalhando observando os seres humanos que visitarem, trabalhando colaborativamente. “Esse ano o Multlab está criando o processo pra entender o que fica depois de toda essa reverberação, o que vai ficar pra gente colher. Esse ano o tema é barulho, no sentido mais simbólico e poético possível. A intenção não é aumentar o volume, pegar uma corneta ou bater panela num estardalhaço. É entender o que fica depois da gritaria, dessa sobreposição de várias pessoas falando ao mesmo tempo. A gente está querendo entender, através da escuta e do diálogo, uma possibilidade que a gente pode estar colhendo no futuro. Esse é o barulho que a gente quer causar este ano”.

Entre as atrações também está o punk percursivo da dupla italiana Ninos Du Brasil; o encontro entre a música de Paul Jebanasam, do Sri Lanka, com a criação em videoarte de Tarik Barri, da Holanda, na performance Continuum AV; o espetáculo tecnológico de ruídos e luzes Field, do canadense Martin Messier; o minimalismo digital do francês Alex Augier em _nybble_; a obra “O barulho é visual/O bagulho é visual”, da artista e poeta concretista Lenora de Barros; o cinema sensorial do espanhol Carlos Casas; uma instalação do coletivo Manifestação Pacífica e obras de DMTR, Fabiano Mixo e Gabriela Mureb.

No último dia do festival, 11 de novembro, o Multiplicidade vai ocupar o Armazém da Utopia, na zona portuária do Rio de Janeiro, com uma sequência de artistas de 23h às 4h. A programação completa pode ser consultada no site do festival.

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