Filha de Temer tem reforma paga com dinheiro vivo de mulher do Coronel Lima

  • Por Jovem Pan
  • 12/04/2018 10h01 - Atualizado em 12/04/2018 10h01
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Montagem/Reprodução e EFE Coronel João Baptista Lima Filho é apontado como um dos operadores de propina do presidente Michel Temer (MDB)

A mulher do Coronel Lima pagou a reforma na casa de uma das filhas do presidente Michel Temer em dinheiro vivo, informa a Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (12). A arquiteta Maria Rita Fratezi é mulher do coronel reformado da Polícia Militar, João Baptista Lima Filho, amigo antigo e apontado como um dos operadores de propina de Temer e do MDB.

A Polícia Federal investiga se obra na residência em Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, de Maristela Temer, filha do presidente, foi bancada com propina da JBS. Piero Cosulich, dono da Ibiza Acabamentos, disse ao jornal que Fratezi levava pessoalmente o dinheiro na loja. A Ibiza Acabamentos entregou material na casa de Maristela.

Embora o pagamento, segundo a empresa, tenha sido feito pela mulher do coronel, o documento está em nome de Maristela.

“Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja”, disse Piero. “Ela (Maria Rita) vinha fazer o pagamento. Se estava dentro de um envelope, dentro de uma bolsa, não sei te confirmar”, afirmou.

“Não conhecemos Maristela (Temer) e nunca vi o coronel”, disse o fornecedor. O empresário contou que não conhecia Fratezi (mulher do coronel) até a obra da filha de Temer e que, depois disso, não fez mais nenhum trabalho para ela. A arquiteta é dona da PDA Projeção e Direção Arquitetônico, empresa que teria feito a reforma.

Apenas um dos recibos, investigado pela Polícia Federal, datado de 30 de março de 2015, tem valor de R$ 12,48 mil. Na época, Michel Temer era vice-presidente da República reeleito na chapa com Dilma Rousseff. O documento foi encontrado na casa de Lima durante a Operação Patmos, em maio de 2017.

A PF considera significativo que os pagamentos da mulher de Lima em nome da filha de Temer ocorreram em período próximo e subsequente ao da entrega de propina da JBS para o coronel.

Florisvaldo Oliveira, ex-funcionário da JBS, disse em delação que levou R$ 1 milhão ao coronel, na sede de uma de suas empresas, a Argeplan, em 2 de setembro de 2014. O valor seria parte dos R$ 15 milhões em doações de campanha (tanto em repasse oficial quanto em caixa 2) que teriam sido acertados com Temer.

A Argeplan tinha contratos indiretos com o governo. Lima também é dono de uma empresa de arquitetura em sociedade com a mulher.

Outro colaborador, Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais da JBS, afirmou que, em vez de usar todo o recurso para as eleições, Temer embolsou a parcela de R$ 1 milhão.

A Polícia Federal avalia que a obra de Maristela Temer custou ao menos R$ 1 milhão. Orçamentos feitos a pedido do coronel Lima para a reforma foram apreendidos pela polícia: um no valor de R$ 1,3 milhão e outro, de R$ 1,6 milhão.

Coronel Lima e sua mulher foram alvos da operação Skala em 29 de março, que apura esquema de corrupção no setor portuário. João Baptista Lima ficou preso por três dias e Maria Rita Fratezi foi intimada a depor. Ambos ficaram em silêncio.

Michel Temer também é investigado.

Outro lado

Questionado pela Folha, o presidente Michel Temer, via assessoria, disse que quem deveria responder sobre a reforma na casa paulistana é a filha, Maristela.

O advogado de Maristela Temer disse que a cliente prestará esclarecimentos somente à Polícia Federal, caso seja chamada a depor.

O advogado do coronel Lima e de sua mulher negou o cometimento de qualquer irregularidade pelo casal.

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