Fiocruz: Brumadinho pode ter surtos de dengue, febre amarela e outras doenças
Surtos de dengue, febre amarela, esquistossomose e leptospirose. Esses são alguns dos impactos que o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, Minas Gerais, pode causar à saúde de quem vive na região.
O levantamento foi feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergência de Desastres em Saúde (Cepes/Fiocruz) e tem como base informações locais, concedidas por secretarias de saúde da região, sistemas de dados públicos e estudos anteriores sobre outros desastres, como o rompimento da barragem em Mariana (MG) ou as enchentes em Santa Catarina, em 2008.
De acordo com os pesquisadores, a área de Brumadinho é endêmica para febre amarela e esquistossomose, transmitidos por mosquitos e caramujos, respectivamente. Com o rompimento da barragem, pode haver uma alteração brusca no ecossistema, que pode matar predadores naturais e, assim, haver um aumento na população de mosquitos e caramujos.
A situação pode se agravar uma vez que serviços de vigilância e de saúde da região são afetados, como coleta de lixo, esgoto e abastecimento de água, o que prejudica o controle das doenças.
Com a contaminação dos rios, como o caso do Rio Paraopeba, muitas pessoas passam a armazenar água em casa, de forma incorreta, o que leva a um surto de dengue.
Outro risco é o consumo de água e alimentos contaminados, que causam diarreia e gastroenterites. Mas a intoxicação pode ocorrer também por vias áreas. Quando a lama seca, os contaminantes podem ficar no ar até chegar ao sistema respiratório dos habitantes da região.
Além disso, a médio e a longo prazo, pacientes com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão ou problemas renais, que dependam de hemodiálise, podem apresentar piora, com o acesso limitado a serviços de saúde. Algumas comunidades em Brumadinho, segundo o estudo, estão potencialmente isoladas, com vias bloqueadas pela lama.
As vítimas também ficam mais sujeitas a desenvolver doenças mentais. Por isso, os pesquisadores defendem que é preciso monitorar essa população por anos.
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