Flordelis admite que filho suspeito tinha problemas com o pai

  • Por Jovem Pan
  • 28/06/2019 12h06 - Atualizado em 28/06/2019 12h08
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO A deputada confessou que o filho roubou relógios do irmão há quatro anos e Anderson bateu nele como corretivo

A deputada Flordelis dos Santos Souza declarou, em entrevista exclusiva à Veja, que o filho Lucas dos Santos, de 18 anos, teve sérios desentendimentos com o pai no passado por conta do roubo de relógios da família. Lucas está preso sob a acusação de ter participado do assassinato do pai, o pastor Anderson do Carmo.

“Eles tinham problemas por causa dos erros do Lucas”, contou Flordelis quando questionada se o filho teria razão para querer matar o pai. “Aos 14 anos, meu filho roubou uns relógios que o irmão colecionava, pôs para vender e nós descobrimos. Como a situação era grave, meu marido bateu nele como corretivo. Hoje está no tráfico.”

A deputada contou ainda que estranhou a presença do filho em casa na madrugada do último dia 16, quando o marido foi assassinado com diversos tiros na garagem da residência. “Ele não morava com a gente desde o ano passado”, disse a deputada. “Aí aparece nas câmeras da rua com duas mochilas, por volta das três da manhã. Entra e sai de casa em minutos, de mãos vazias. O Lucas não tinha o hábito de aparecer sem avisar.”

Flordelis confirmou às repórteres que a polícia já localizou as mochilas que Lucas carregava na madrugada do crime, mas não quis revelar o que havia dentro delas. Na mesma entrevista, a deputada se mostra mais cética em relação à participação de seu filho biológico (fruto de um relacionamento anterior) no crime.

Outro filho preso

Flávio dos Santos, de 38 anos, que também está preso, confessou ter atirado seis vezes contra o padrasto, segundo a polícia e o Ministério Público. O advogado de Flávio, no entanto, contesta a legitimidade da confissão porque ela teria sido feita sem a presença de um representante legal.

“A história não bate”, afirmou Flordelis. “Ele foi um dos primeiros a chegar ao meu quarto depois dos tiros. Saiu atrás da polícia, mas não encontrou a patrulhinha. Já preso, me deixaram falar com ele rapidamente no telefone. Chorava, chorava, e só disse: ‘Quero que as pessoas te deixem em paz, mãe’.”

Ela disse ainda que desconhece qualquer razão para que Flávio quisesse matar o padrasto. “Essa história de que o Anderson cuidava do nosso patrimônio com mãos de ferro não faz nenhum sentido. Aliás, ele administrava o dinheiro com a ajuda de três filhos.”

Suspeita de abuso

Uma outra linha de investigação, segundo a qual Anderson teria cometido abuso sexual contra duas filhas menores do casal, também foi refutada categoricamente pela deputada.

“Chegou a mim extraoficialmente outra tese levantada pela polícia, a de que Anderson mexeu com duas de nossas filhas, molestou as meninas”, contou. “Pensei por um instante: ‘Será que fui casada com um homem que não conhecia?’ Mas, mesmo que ele fosse um monstro, mereceria a prisão, e nunca a morte. Depois conversei com as minhas filhas, que negaram com muita firmeza terem sido abusadas.”

Por fim, a deputada voltou a dizer que não tem razões para acreditar que o marido estivesse tendo um caso extraconjugal e negou veementemente ter sido a mandante do crime. “Para os que acham que eu matei meu marido, peço que me deem um motivo para fazer isso”, disse. “Eu não ganhei nada com a morte dele, só perdi.”

Depoimentos

Oito filhos de Flordelis e Anderson do Carmo vão prestar depoimento à polícia na tarde desta sexta-feira (28). As intimações foram entregues na tarde da quinta-feira (27), quando os agentes estiveram na casa da deputada. O casal tinha 55 filhos – 45 deles vivendo sob o mesmo teto.

A polícia tentou levar o carro que o pastor dirigiu na madrugada do crime, que segue na garagem da casa. O veículo apresenta perfurações de bala e seria submetido à perícia. Flordelis, no entanto, não permitiu. O advogado da deputada, Fabiano Migueis, explicou por que aconselhou sua cliente a fazer isso.

“Eles queriam levar o carro sem nenhum mandado de busca e apreensão; não permitimos essa irregularidade. A deputada está colaborando, mas dentro da legalidade”, disse Migueis. “Na primeira busca e apreensão não apresentaram mandado. Na apreensão dos telefones celulares, por exemplo, não foi deixado auto de apreensão com a família, para saber o que foi levado. E, mais uma vez, chegaram lá sem mandado querendo levar o carro.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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