Foragido desde dezembro, Cesare Battisti é preso na Bolívia

  • Por Jovem Pan
  • 13/01/2019 08h09 - Atualizado em 13/01/2019 08h18
EFE Battisti era considerado foragido desde 14 de dezembro, quando Michel Temer, então presidente brasileiro, assinou seu decreto de extradição

O italiano Cesare Battisti foi preso na noite deste sábado (12) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A informação foi confirmada pela Polícia Federal brasileira e feita pela polícia boliviana,

Battisti, de 64 anos, foi detido na tarde de sábado por uma equipe da Interpol formada por agentes italianos e brasileiros enquanto caminhava pela rua na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra e não ofereceu resistência, segundo fontes do Ministério do Interior da Itália. No momento da detenção, Battisti respondeu à polícia em português e mostrou um documento brasileiro que confirmou sua identidade.

As fontes indicaram que os investigadores italianos “nunca tinham perdido Battisti de vista”, mas, após sua saída do Brasil e sua chegada à Bolívia, há uma semana “se aceleram” os movimentos para sua detenção, “de acordo com as autoridades locais”.

O italiano foi membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), um braço das Brigadas Vermelhas, e foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios entre 1977 e 1979, que ele nega ter cometido. Após décadas foragido na França e no México, Battisti se instalou em 2004 no Brasil, onde permaneceu escondido até sua detenção em 2007 e sempre foi reivindicado com insistência pela Itália.

O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou sua extradição em 2009 em uma sentença não vinculativa que deixou a decisão nas mãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas este a rejeitou em 31 de dezembro de 2010, último dia do seu segundo mandato.

Sua detenção na Bolívia aconteceu quando estava foragido desde dezembro do ano passado, depois que o STF ordenou sua detenção para extraditá-lo à Itália e o então presidente Michel Temer assinou o decreto para isso. O novo presidente Jair Bolsonaro também já tinha antecipado sua intenção de extraditá-lo e a notícia da sua detenção foi celebrada pela política italiana.

O ministro do Interior, Matteo Salvini, agradeceu ao presidente Bolsonaro pela colaboração, assim como às autoridades bolivianas, e afirmou que Battisti é “um criminoso que não merece uma vida cômoda na praia, mas acabar seus dias na prisão”. “O meu primeiro pensamento vai para os familiares das vítimas deste assassino, que durante tempo demais gozou de uma vida que vilmente tirou de outros, protegido pela esquerda de meio mundo”, disse Salvini.

Já o ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, declarou que o foragido “agora será entregue à Itália” para que cumpra sua pena: “Quem se equivoca deve pagar, e Battisti também pagará”. “O tempo passado não sanou as feridas que Battisti deixou nas famílias das suas vítimas e no povo italiano, assim como que não diminuiu o desejo humano e institucional de obter justiça”, escreveu o ministro no Facebook.

Além disso, destacados membros da oposição ao governo italiano do Movimento Cinco Estrelas e da ultradireitista Liga expressaram sua alegria pela detenção de Battisti, como o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, do Partido Democrata (PD, centro-esquerda).

“A detenção de Battisti na Bolívia é uma boa notícia. Todos os italianos, sem nenhuma distinção de tendência política, desejam que um assassino deste tipo seja devolvido o mais rápido possível ao nosso país para cumprir a pena. Hoje é um dia para a justiça”, destacou.

Ainda não está claro, entretanto, se Cesare Battisti passará pelo Brasil antes de ser extraditado para a Itália. Ao jornal “La Repubblica”, fontes do Ministério do Interior da Itália não descartam uma extradição entre este domingo (13) ou segunda-feira (14).

*Com informações de Agência EFE

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