Força-tarefa da Lava Jato repudia novo vazamento de mensagens entre Moro e procuradores

Mensagem se refere a um dos primeiros vazamentos, em que o então juiz federal Sergio Moro teria solicitado ao procurador Deltan Dallagnol que desse ‘uns conselhos’ à procuradora Laura Tessler

  • Por Jovem Pan
  • 21/06/2019 12h44
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Reprodução/TV Globo Em nota, o Ministério Público Federal saiu em defesa da procuradora Laura Tessler, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba

A força-tarefa da Operação Lava Jato do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) divulgou uma nota nesta sexta-feira (21) na qual repudiou a divulgação de mais um trecho das supostas conversas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da operação. Os trechos foram divulgados no programa O É da Coisa, do jornalista Reinaldo Azevedo, na Band News FM.

Segundo o MPF, a atuação da procuradora Laura Tessler contribuiu para a condenação do ex-ministro Antonio Palocci. “Integrante da Lava Jato no MPF desde 2015, a procuradora Laura Tessler seguiu e segue responsável por diversas investigações e ações criminais, realizando todos os atos processuais necessários, incluindo audiências, contando com toda a confiança da força-tarefa na sua condução altamente profissional, cuidadosa e obstinada no combate à corrupção.”

“Ou seja”, continua a nota, “não houve qualquer alteração na sistemática de acompanhamento de ações penais por parte de membros da força-tarefa”, disse o MPF. O órgão disse que procuradores e procuradoras responsáveis por cada caso acompanharam as principais audiência até o interrogatório e afirmou que em nenhum momento se cogitou a substituição de membros. “Até porque todos vêm desenvolvendo seus trabalhos com profissionalismo, competência e seriedade”, disse o texto.

O MPF também afirmou que os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, que participaram em 10 de maio de 2017 do interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação penal sobre o triplex no Guarujá, foram os mesmos que estiveram presentes nas principais medidas investigatórias do caso em 4 de maio de 2016, quando ele ouvido no aeroporto de Congonhas e na busca no Instituto Lula; na exposição pública do conteúdo da denúncia em 14 de setembro de 2016, e em 16 das 18 audiências judiciais do caso realizadas no ano de 2017.

A mensagem divulgada no programa de Reinaldo Azevedo se referia a uma das primeiras conversas vazadas pelo site The Intercep Brasil, em que o então juiz federal Sergio Moro teria solicitado ao procurador da República e ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol que desse “uns conselhos” à procuradora Laura Tessler. “A colega Laura Tessler de vocês é excelente profissional, mas, para inquirição em audiência, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas, com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem”, teria dito Moro, segundo o site.

O que foi vazado ontem é que, alguns minutos depois dessa mensagem de Moro, Dallagnol teria encaminhado o conteúdo ao ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, com quem dividia a coordenação da força-tarefa, e teria falado sobre a necessidade de uma reunião sobre estratégia de inquirição nas oitivas. “Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão dois [outros procuradores], e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela.”

Santos Lima, então, teria respondido: “Por isso tinha sugerido que Julio [Julio Noronha] ou Robinho [Roberson Pozzobon] fossem também, no do Lula não podemos deixar acontecer.”

A força-tarefa classificou como “desrespeitosa, mentirosa e sem contexto” a publicação no programa O É das Coisas. “A publicação de Reinaldo Azevedo não realizou a devida apuração, que, por meio de simples consulta aos autos públicos acima mencionados, evitaria divulgar movimento fantasioso de troca de procuradores para ofender o trabalho e os integrantes da força-tarefa. Como o site The Intercept Brasil, de quem se diz parceiro, Reinaldo Azevedo, de modo tendencioso, tentou criar artificialmente uma realidade inexistente para dar suporte a teses que favoreçam condenados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato”, afirmou em nota o MPF.

O texto continua: “Para suas absurdas conclusões, o blogueiro usou material cuja autenticidade não foi confirmada, reforçando o aparente intuito de criar notícias às custas de publicações que distorcem supostas conversas entre autoridades, atacando o Sistema de Justiça e as instituições da República, na mesma linha do que verificado nos ataques cibernéticos.”

“A suposta versão, que não resiste a uma mínima análise crítica diante dos fatos públicos, indica que a fábrica de narrativas político-partidárias baseadas em supostos diálogos sem autenticidade e integridade comprovadas somente leva à perda de credibilidade de quem delas se utiliza sem a devida apuração.”

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