Força-tarefa do MPF diz que caso envolvendo FHC não era atribuição da Lava Jato em Curitiba
A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná responsável pelas investigações da Operação Lava Jato publicou uma nota de repúdio ao vazamento feito nesta terça-feira (18) pelo site “The Intercept Brasil” de supostas conversas envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O MPF explicou que, conforme é público, a citada petição nº 6794 contra FHC decorrente da delação de Emílio Odebrecht, foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e encaminhada à Justiça de São Paulo. “Ou seja, o caso sequer era de atribuição da força-tarefa Lava Jato de Curitiba e ela não teve qualquer participação na decisão de seu envio para outra unidade do Ministério Público Federal ou na análise de eventual prescrição”, afirmou o texto.
Ainda de acordo com a nota, “sempre que a força-tarefa tomou conhecimento de fatos que poderiam revelar indícios concretos de crimes envolvendo altas autoridades, independentemente do partido a que pertencessem, foram adotadas todas as providências cabíveis”.
Sobre o material, o MPF alegou também que “resta clara a ausência de qualquer elemento que indique ação no sentido de forjar provas, ajuste partidário, manifestação de cunho ideológico, corrupção, ou ilegalidade dos membros do Ministério Público Federal, o que reforça o aparente intuito de as publicações objetivarem distorcer supostas conversas entre autoridades”.
“Suposta conversa sequer seria sobre fatos e procedimentos de responsabilidade da força-tarefa ou da Justiça Federal em Curitiba, tal é a falta de compreensão da realidade que o site estaria supostamente a reportar”, continuou.
A nota finaliza ressaltando que “a superficial exploração sensacionalista de diversos episódios que marcaram a operação Lava Jato tenta banalizar o esforço árduo de centenas de servidores públicos, do Ministério Público Federal, Justiça Federal, Polícia Federal, Receita Federal e tantos outros órgãos de Estado, e da própria sociedade contra a corrupção”, e que as publicações do site “buscam criar uma realidade inexistente e dar suporte a teses que favoreçam o ex-presidente Lula”.
Vazamentos
Nos trechos divulgados nesta terça, nos quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é citado, Moro chamou o procurador da República e ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol em um chat privado e perguntou se as suspeitas contra o ex-presidente eram “sérias” e questionou se “tratava-se somente do Caixa 2 de 96”.
O procurador respondeu acreditar que a força-tarefa – por meio de seu braço em Brasília – propositalmente não considerou a prescrição do caso de FHC e o enviou ao Ministério Público Federal de São Paulo, segundo ele, “talvez para [o MPF] passar recado de imparcialidade”. Moro rebateu: “Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante”.
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