Funai organiza expedição para contatar índios isolados na Amazônia; Exército e Polícia Federal participam
Uma expedição na Amazônia, promovida pela Fundação Nacional do Índio (Funai), está tentando contatar uma tribo isolada. O objetivo dessa missão, segundo o órgão, é proteger a etnia Korubo de possível conflito com indígenas da tribo dos Matis.
Além de funcionários da Funai, essa ação está sendo realizada por membros do Exército, da Polícia Federal, da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde e da Secretaria da Segurança Pública do Estado do Amazonas.
De acordo com a fundação, a expedição foi informada ao Ministério Público Federal (MPF) e às demais organizações indígenas da região do Vale do Javari, no extremo oeste amazonense, já na área fronteiriça com o Peru.
“A equipe que parte em expedição é restrita a indigenistas e colaboradores da Funai que já possuem experiência no trabalho com indígenas isolados”, declarou a Funai em nota. O grupo inclui ainda índios Korubo, Kanamari, Marubo e Mayoruna.
Indigenistas afirmam que a pressão no entorno da terra indígena tem levado os isolados a saírem de suas terras, o que gera conflitos com não índios e, paralelamente, potencializa os confrontos entre as diferentes etnias que vivem na região.
Em 2014, indígenas do povo Matis e grupos isolados Corubo entraram em conflito, resultando na morte de algumas lideranças. O clima ainda é de tensão entre os dois povos, que trocam acusações de invasão de seus territórios no Amazonas.
A Terra Indígena Vale do Javari é uma das maiores áreas demarcadas do Brasil, com mais de 8 milhões de hectares, e tem a maior concentração de povos isolados. A população oscila entre 3,8 mil e 5,5 mil pessoas, excluindo os isolados.
Hoje, há pelo menos 107 registros da presença de índios isolados em toda a Amazônia Legal, área que abrange nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos Estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
Povos da etnia Matis, Marubo, Canamari, Culina e Maioruna, também conhecidos como Matsés, são de contato permanente. Já o povo Corubo é considerado isolado, apesar de um pequeno grupo ter sido contatado em 1996 pela Funai.
As terras do Javari são alvo constante de estudos e de projetos de mineração e petróleo. A Petrobras já chegou a ter bases ativas para exploração de gás na região entre as décadas de 1970 e 1980. Nos últimos anos, organizações têm denunciado a presença de lotes de exploração petrolífera em territórios tradicionais do povo Matsés, que vive no Peru.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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