Galloro toma posse na direção da Polícia Federal e promete: “Lava Jato continua forte”
O delegado Rogério Galloro tomou posse nesta sexta-feira (2) como novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), indicado pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que esteve presente na cerimônia em Brasília.
O novo diretor-geral da PF prometeu manter “forte” a equipe da Lava Jato e do GINQ (Grupo de Inquérito do STF, que toca dezenas processos na Suprema Corte): “A Lava Jato continua forte e a equipe do GINQ continua íntegra”, disse Gallero. “Desde já reafirmo o compromisso do ministro Jungmann de reforçar essa equipe”.
“As conquistas dos últimos anos são marcantes na PF e são indeléveis”, afirmou também.
Galloro convidou para formar a cúpula da instituição delegados que são especialistas no combate ao crime organizado. A expectativa na corporação é de que, com o novo comando, a PF consiga ser a protagonista na atuação contra as organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e a desvios de dinheiro público dentro da nova formatação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública.
Galloro prometeu honrar o cargo e elogiou Jungmann. “Tenho certeza de que o ministro que agora assume de forma despojada e corajosa a causa de segurança pública será acima de tudo um aliado determinado para o êxito cada vez maior da nossa missão como policiais federais de combater o crime organizado”, disse.
O diretor-geral defendeu “aprofundar a integração interinstitucional contra o crime”. “O crime não é e não será mais forte que o Estado brasileiro. O crime não vencerá”, disse, citando trabalhos da PF durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Rogério Galloro ingressou na PF em agosto de 1995. Com mais de 22 anos de carreira, o delegado já ocupou postos estratégicos na instituição. Entre abril de 2011 e junho de 2013 foi adido da PF nos Estados Unidos. Ele também foi superintendente regional em Goiás (outubro 2007/janeiro 2009).
Galloro classificou o ex-diretor Leandro Daiello “como amigo desde o primeiro dia na Polícia Federal” e lembrou que esteve com ele durante o tempo que Daiello dirigiu a corporação. “Fiz parte de toda a gestão de Leandro Daiello, estive em momentos difíceis e em momentos de conquistas”, declarou ao ex-diretor, que estava no local.
Segovia
O delegado que deixou o cargo à frente da PF, Fernando Segovia, também esteve no evento. Ele agradeceu o presidente Michel Temer, que não compareceu à posse de Galloro, pois está em Sorocaba, interior de São Paulo, entregando ambulâncias.
“Sua missão é um desafio árduo e openoso, mas o Brasil confia que com sua competência teremos um País melhor”, disse Segovia a Galloro.
Segovia, que foi demitido nesta semana pouco mais de três meses depois de assumir o cargo, agradeceu ao ministro Torquato Jardim Disse que, diferentemente do que se publicava, eles sempre tiveram convívio de muito respeito. A Jungmann, fez um agradecimento e um alerta, dizendo que ele terá “um desafio árduo”.
Segovia disse ainda que é preciso haver “maturidade” e “profissionalismo” para dar continuidade ao trabalho de “mudar e aperfeiçoar a gestão e fortalecer a Polícia Federal”. “As pessoas passam, a instituição permanece”, afirmou.
O ex-diretor geral também citou a Lava Jato. Disse que a PF continua forte e independente e que a operação é um exemplo disso. Agradeceu aos comandantes militares que “sempre apoiaram a Polícia Federal”.
Ao agradecer a família, Segovia – que passará a ser adido em Roma, citou o imperador romano Julio Cesar e finalizou sua fala declarando: “vim, vi e venci”.
O ministro da Justiça, Torquato Jardim, que tentou emplacar Galloro no cargo, mas teve que aceitar a nomeação de Segovia – patrocinada por uma ala política do governo – fez um discurso breve no qual destacou que agora há uma “nova perspectiva de gerência constitucional”, já que os Ministérios da Justiça e da Segurança “vão coabitar sob o mesmo teto”. Torquato agradeceu a Segovia pelo trabalho e deu boas-vindas a Galloro e Jungmann.
Temer ausente
Diferentemente da posse de Segovia, em novembro do ano passado, a cerimônia que deu o cargo máximo da PF a Galloro não contou com a presença de políticos. No caso da de Segovia, inclusive o presidente Michel Temer, de forma inédita, compareceu ao evento. Nesta sexta, no entanto, Temer preferiu uma agenda “mais popular” e foi a Sorocaba (SP) entregar ambulâncias.
Em novembro do ano passado, durante a posse, Segovia falou que estava “lisonjeado” com o fato de ter pela primeira vez a presença de um presidente na cerimônia e, em sua primeira entrevista coletiva, deu a sua primeira polêmica declaração ao afirmar que “uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa necessária para resolver se havia ou não crime”. Ele se referia ao caso da mala de R$ 500 mil que a JBS pagou para o ex-assessor especial de Temer Rodrigo Rocha Loures.
Segovia também fez críticas à Procuradoria-Geral da República e disse que o órgão deveria “explicar possíveis erros no acordo de colaboração premiada firmado com executivos do grupo J&F, entre eles, o empresário Joesley Batista”.
Currículo
Delegado federal há 23 anos, Galloro é visto como um profissional de perfil técnico, com maior afinidade para cargos administrativos. Antes de ser diretor executivo na gestão de Leandro Daiello, foi superintendente em Goiás, diretor de Administração e Logística e adido policial nos Estados Unidos.
Durante a gestão de Daiello, o novo diretor-geral atuou como coordenador das forças da PF na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016. Desde 2017, quando assumiu a Secretaria Nacional de Justiça, ele também integra o Comitê Executivo da Interpol.
Com informações de Estadão Conteúdo
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