Gastos com saúde privada no Brasil somam R$ 231 bilhões de 2010 a 2017
Os serviços da saúde privada foram os principais gastos das famílias brasileiras com o setor. É o que mostra a pesquisa Conta Satélite de Saúde, divulgada nesta sexta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento compara dados de 2010 a 2017.
Despesas com médicos e com planos de saúde lideram o ranking. No total, os gastos somaram R$ 231 bilhões, correspondentes a 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país. Na despesa de consumo final do governo, o destaque foi a saúde pública, com R$ 201,6 bilhões, ou seja, 3,1% do PIB.
De acordo com o órgão, os gastos no consumo de bens e serviços de saúde no Brasil alcançaram, em 2017, o equivalente a 9,2% do PIB. Isso representou o total de R$ 608,3 bilhões. A maior parte, R$ 354,6 bilhões, o correspondente a 5,4% do PIB, foi com despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias. As despesas de consumo do governo atingiram R$ 253,7 bilhões, ou seja, 3,9% do PIB.
Ainda em 2017, a despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde ficou em R$ 1.714,6 para famílias e instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias. Para o governo somaram R$ 1.226,8.
Valor adicionado bruto
A participação das atividades de saúde no Valor Adicionado Bruto (VAB), que indica a renda criada em cada atividade econômica em determinado período, subiu de R$ 202,3 bilhões (6,1%), em 2010, para R$ 429,2 bilhões (7,6%), em 2017. O maior aumento de participação ocorreu na saúde privada. Segundo o IBGE, esse item atingiu 3,0% do VAB total da economia, em 2017, enquanto em 2010, era de 2,1%.
Entre 2010 e 2017, a participação do consumo desses bens e serviços na economia subiu de 8,0% para 9,2%. O aumento foi mais evidente no final do período, indicando que em momentos de retração ou de baixo crescimento econômico o consumo de bens e serviços de saúde tende a cair menos que o de outros produtos e serviços.
Entre 2010 e 2015, o consumo de bens e serviços de saúde registrou crescimento, mas em 2016 houve queda em volume de 1,5%. Apesar disso, em valores correntes, as despesas aumentaram 6,8%. Conforme a pesquisa, em 2017, a alta em volume ficou em 0,6%, mas em valores correntes chegou a 4,3%.
Governo
Os serviços de saúde e medicamentos custeados pelo governo, em 2017, correspondiam a 19,2% do total de bens e serviços fornecidos à população. Aí estão incluídos os serviços de saúde, educação e a administração pública.
O principal item na despesa de consumo do governo com saúde foi a saúde pública. Foram R$ 201,6 bilhões do total das suas despesas nesta área, o que representou 79,5%. Já a despesa com saúde privada, que são os serviços adquiridos de estabelecimentos privados, foi equivalente a 17,2%, ou R$ 43,6 bilhões. Com medicamentos foram R$ 8,4 bilhões, 3,3% do total dessas despesas.
No período de 2010 a 2017, uma mudança no cenário chamou atenção: o aumento das despesas com a prestação de serviços de saúde pública como proporção do PIB. O percentual saiu de 2,7% do PIB em 2010 para 3,1% em 2017. Em relação aos medicamentos, o percentual passou de 0,2% para 0,1%. A pesquisa mostra que a variação em volume do consumo de bens e serviços de saúde do governo só não superou a de produtos não saúde nos anos de 2012 e 2016. Em 2017, enquanto o consumo de serviços de saúde cresceu 2,3% em volume, o consumo não saúde caiu 1,3%.
De acordo com o IBGE, em 2017, o principal gasto das famílias com saúde, foi com serviços de saúde privada. Nesse ano, alcançaram 66,8% do total das despesas de saúde, somando R$ 231,0 bilhões. Os medicamentos alcançaram R$ 103,5 bilhões, ou 29,9% do total dessas despesas.
Em relação ao PIB, a despesa das famílias com medicamentos se manteve estável entre 2010 e 2017, representando cerca de 1,5%, enquanto o consumo de serviços de saúde privados avançou de 2,5% para 3,5% do PIB.
Em 2017, enquanto o consumo de serviços de saúde pelas famílias caiu 0,7% em volume, o consumo de serviços não-saúde (despesas não relacinadas com saúde) cresceu 2,3%. De 2014 a 2016, a variação em volume do consumo de serviços de saúde pelas famílias superou a variação em volume dos bens e serviços não-saúde.
Remuneração
Entre 2010 e 2017, as atividades relacionadas à saúde registraram aumento nos postos de trabalho. Saíram de 5,3% para 7,1% do total das ocupações. Sobre as remunerações do setor, estão acima da média da economia, com um rendimento médio anual de R$ 43,8 mil em 2017 contra R$ 33,4 mil das atividades não-saúde. Em 2017, as remunerações desse setor representavam 9,6% do total das remunerações da economia.
O IBGE informou que a publicação Conta Satélite de Saúde 2010-2017 “sistematiza informações sobre consumo e comércio exterior de bens e serviços de saúde e sobre valor adicionado e postos de trabalho em atividades de saúde”.
*Com Agência Brasil
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