Gilmar Mendes diz que corrupção está no DNA do governo

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2015 11h18
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, participa de sessão temática sobre reforma política, no Senado (Antonio Cruz/Agência Brasil) Antonio Cruz/Agência Brasil Ministro do TSE e do STF Gilmar Mendes

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Gilmar Mendes reafirmou sua percepção de que o núcleo político do mensalão é o mesmo do petrolão.

“Discutimos no TSE e aprovamos praticamente a abertura dessa ação de impugnação do mandato eletivo da presidente Dilma, em função de todos esses fatos que estão aí acumulados”, lembrou Mendes. O processo, movido pelo PSDB, pede a cassação da chapa de Dilma e Temer por supostas irregularidades nas eleições do ano passado. A maioria do colegiado votou a favor da continuidade do processo. A ministra Luciana Lóssio, no entanto, pediu vistas da ação.

“Mas essa é a questão central: é um método de governança, um método de administrar. A corrupção faz parte desse DNA”, afirmou em seguida Mendes.

“Os fatos são graves, o importante é que o Tribunal abrir esse embrulho e investigar”, disse Mendes, preferindo não cogitar ainda uma possível impugnação do mandato da presidente da República.

“Diante das evidências existentes, o Tribunal (Superior Eleitoral) não pode se comportar como um São Jorge em prostíbulo”, metaforizou.

Mendes pediu nesta terça (25) que o Ministério Público de São Paulo investigue supostos ilícitos praticados por empresa que prestou serviços à campanha de Dilma no ano passado. A companhia registrada como Angela Maria do Nascimento Sorocaba-ME emitiu notas fiscais de R$ 1,6 milhão, mas não teria registrado entrada de materiais, produtos ou serviços. “Foi a Secretaria de Fazenda de São Paulo que indicou essa empresa como possível empresa irregular”, esclareceu Mendes.

O ministro também criticou o próprio tribunal eleitoral, dizendo que “o TSE tem standards assimétricos”, analisando mais severamente casos que dizem respeito a prefeitos do interior, ou das regiões norte e nordeste do Brasil, e não tendo o mesmo cuidado com julgamentos de contas e processos eleitorais de executivos de instâncias superiores, ou prefeitos de capitais, e políticos das áreas sul/sudeste.

“Precisamos valorizar as instituições”, afirmou ainda Mendes. “Se a instituição não funciona para seu fim, ela perde a razão de ser”.

Ouça a entrevista completa no áudio acima.

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