Gim tentou intermediar negociação da “pílula do câncer”
Formalmente longe do Senado, desde 1º de fevereiro de 2015, após não ser reeleito para outro mandato na Casa em 2014, Gim Argello acompanhava dos bastidores as movimentações do Congresso. Em outubro do ano passado, enquanto o Senado discutia em audiência pública a liberação da “pílula do câncer”, Gim Argello teria proposto sociedade ao químico Gilberto Chierice, que desenvolveu a fosfoetanolamina sintética, para comércio da substância.
O encontro entre Gim Argello e Gilberto Chierice teria ocorrido no escritório político do ex-senador, em Brasília. O pesquisador havia ido à capital federal participar de audiência pública no Senado, com outros especialistas, a convite do senador Ivo Cassol (PP-RO).
Em depoimento à Polícia Federal, em 27 de abril, Gilberto Chierice contou que, ao chegar no Aeroporto de Brasília, o carro que o esperava o levou ao encontro de Gim Argello.
“Quando eu chego no aeroporto, tem lá alguém que veio me buscar”, contou o pesquisador. “Quando eu chego em Brasília tem uma caminhonete, uma condução me esperando. ‘O senador mandou lhe buscar’. Saiu dali, foi pra um escritório, onde tinha um escritório de um ex-senador.” Gilberto Chierice disse que o veículo não tinha nenhuma identificação. “Nos levou para conversar com esse senhor, eu não sabia do que se tratava. Esse Gim não sei o quê.”
O delegado Nelson Edilberto Cerqueira perguntou ao pesquisador se era “aquele que foi preso recentemente”. Gilberto Chierice disse que não havia reconhecido o ex-senador.
Gim Argello foi preso na Operação Vitória de Pirro, 28ª fase da Lava Jato, em 12 de abril. A Polícia Federal investiga “tratativas ocorridas entre Jorge Gim Argello e o filho Jorge Gim Argello Junior”, por meio da empresa HTS Gestão de Investimentos e Estudos Mercadológicos LTDA e os pesquisadores da substância fosfoetanolamina sintética, no período de outubro de 2015 a janeiro de 2016, ou seja, mesmo período da tramitação legislativa que resultou na publicação da Lei nº 13.269/16, em 13 de abril de 2016, que autorizou a produção e distribuição daquela substância sintética.
*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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