Empresários alvos da Gotham City lavavam dinheiro para esquema de propina dos ônibus no Rio

  • Por Jovem Pan
  • 09/08/2017 08h44 - Atualizado em 09/08/2017 14h27
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Tania Rego/Agência Brasil Tania Rego/Agência Brasil Quando não conseguiu aumentar o preço da passagem, Cabral isentou empresas de metade do IPVA, diz a investigação

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (9) a Operação Gotham City (referência à cidade fictícia onde atua o personagem Batman) no Rio de Janeiro. O esquema investigado é o de propina paga a governantes do Rio por empresas de transporte, já revelado na Operação Ponto Final, deflagrada no começo de julho, da qual a ação de hoje é desdobramento. As ações estão no âmbito da Lava Jato no Estado fluminense.

São alvos de mandados de prisão desta quarta Guilherme Neves Vialle e Nuno Canhão Bernardes Gonçalves Coelho, integrante da Fetransporte (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro). Nuno Bernardes foi preso em Curitiba (PR), enquanto Guilherme Vialle não foi encontrado em vários endereços a ele relacionados. No exterior, ele pode ser detido pela Interpol, uma vez que a PF já enviou o alerta vermelho. A referência do nome da operação também é aos apelidos dos investigados. Nuno é conhecido como “Batman” e Guilherme, como “Robin”.

Veja as informações do repórter Rodrigo Viga:

Segundo as investigações, os empresários lavavam dinheiro, por meio da venda de imóveis em construção, para Rogério Onofre, ex-diretor do Detro, e de sua esposa, Dayse Deborah Alexandra Neves, presos no início do mês passado. Empresas pertencentes a Nunes e Guilherme faziam contratos de apartamentos no valor de 50% do valor real.

Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do RJ, a partir de pedido feito pelo Ministério Público Federal.

O esquema

Segundo denúncia do Ministério Público Federal aceita nesta terça (8), o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, já preso por outros casos de corrupção, e sua família recebiam mesadas de R$ 400 mil a R$ 1 milhão das empresas de transporte para majorar acima do real a tarifa do ônibus intermunicipal no Estado.

Cabral não conseguiu aumentar a tarifa em 2014, quando o Rio e o Brasil assistiam a vários protestos contra os serviços públicos na véspera da Copa do Mundo. Mas, naquele ano, o então governador concedeu de presente às companhias redução de 50% no IPVA. Como bônus pela medida, Cabral teria recebido de bônus R$ 13 milhões.

O valor da propina era pago em dinheiro na rua ou na garagem das empresas de ônibus, de acordo com a investigação.

Entre 2010 e 2016 (já com a Lava Jato nas ruas nos dois últimos anos), o ex-governador teria embolsado em propina só do sistema de transportes quase R$ 145 milhões, informa o MPF.

Nesta terça (8), o Cabral virou réu pela 14ª vez na Lava Jato. O juiz Marcelo Bretas aceitou as duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Além de Cabral, também viraram réus outras 23 pessoas.

As informações são do repórter Jovem Pan no Rio, Rodrigo Viga

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