“Governo deseja evitar o recesso para diminuir pressão popular”, diz líder do PSDB no Senado
Em reunião realizada no início desta semana, o Palácio do Planalto, junto com lideranças da base aliada da Câmara, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, defendeu que o processo de impeachment tenha um desfecho mais célere no Congresso. No mesmo dia, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou a intenção de cancelar o recesso para dar sequência ao processo de impedimento da presidente Dilma.
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) declarou ser favorável ao recesso parlamentar para que a mobilização nas ruas não perca força, já que são parte essencial para o prosseguimento de um processo de impeachment. “O Governo deseja evitar o recesso para diminuir a possibilidade de pressão popular, elemento fundamental para que o impeachment ocorra”, declarou.
“Estaremos no tempo do advento com a chegada de Natal e Ano Novo e isso pode diminuir a capacidade de mobilização de rua. Quando vejo o Governo se movendo para essa decisão [de não ocorrer recesso] para escapar dessas questões, eu, particularmente acho, que o processo já está aberto e seria muito importante para o desfecho dessa questão a mobilização da sociedade”, disse.
Na última quinta-feira (03), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, defendeu um breve recesso parlamentar e disse acreditar que o contato com a base eleitoral seja benéfico aos políticos. “Talvez seja positivo os parlamentares estarem em suas bases, falando com amigos, família, com pessoas na padaria, jornaleiros, para captar o sentimento deles. Tem que ser realista. Eu acho possível ter a convocação no dia 01º de janeiro para continuar os trabalhos. Os parlamentares precisam de contato com suas bases. Mas até o Natal dá para fazer muita coisa, ter as comissões prontas, com membros escolhidos, e os prazos de defesa de Dilma já contados. Não podemos interromper para voltar em fevereiro”, disse em entrevista à Jovem Pan.
No mesmo dia, também em entrevista exclusiva à Jovem Pan, o senador José Serra (PSDB-SP) defendeu a não interrupção dos trabalhos. “É a minha proposta, o Congresso não pode entrar em recesso. Se entrar, tem fim de ano, Carnaval, vamos para março com isso e o Brasil não aguenta”. No entanto, ele julgou ser difícil que o parecer do Congresso seja definido em 2015.
Apesar de seguir a mesma linha adotada por Serra, o senador Cássio Cunha Lima afirmou que o recesso deve ser inevitável. “Os parlamentares têm que voltar aos seus Estados para ver as suas famílias. O que se discute é se janeiro é o melhor momento para que esse julgamento ocorra”.
Para ele, o Governo estende a possibilidade de análise do processo de impeachment para a véspera do Carnaval, de forma que desmobilize a população pelos dias de festividade que se seguem. “Quando o Governo passa a defender o não recesso, eu já fico de orelha em pé, para saber o que está por trás disso. É óbvia a tentativa de evitar pressão popular e um quadro econômico mais deteriorado no primeiro trimestre do ano que vem”, declarou.
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