Governo lança campanha de vacinação para conter casos de sarampo em Roraima

No próximo sábado (10), será lançada campanha de vacinação contra o sarampo nos 15 municípios do estado de Roraima. O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde hoje (6), em entrevis…

  • Por Agência Brasil
  • 06/03/2018 18h59 - Atualizado em 07/03/2018 08h25
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Valdecir Galor/SMCS O foco será nos locais menos cobertos e mais suscetíveis a uma possível disseminação da doença

No próximo sábado (10), será lançada campanha de vacinação contra o sarampo nos 15 municípios do estado de Roraima. O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde hoje (6), em entrevista coletiva em Brasília. A iniciativa será promovida pelo órgão em parceria com o governo estadual e as prefeituras das cidades atendidas.

A meta é imunizar 400 mil pessoas de seis meses a 49 anos. O número foi calculado com base na estimativa de população não coberta pela vacina (em torno de 308 mil), mais as dezenas de milhares de venezuelanos morando nas cidades do estado. Duas mil doses já foram aplicadas, de acordo com o ministério.

O foco será nos locais menos cobertos e mais suscetíveis a uma possível disseminação da doença. “Há municípios acima dos 100% de cobertura e outros com 70%. É nesses bolsões de crianças não vacinadas que está nossa preocupação”, explicou a coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunização da pasta, Ana Goretti Maranhão, em entrevista coletiva.

A vacinação será diferenciada para faixas etárias. Crianças de 6 a 12 meses vão receber dose de tríplice viral, mas essa não contará para a rotina recomendada para a idade. Entre 1 e 29 anos, a orientação é tomar duas doses, uma de tríplice viral logo ao completar 1 ano e uma de tetra viral com 1 ano e 3 meses. Pessoas de 30 a 49 anos que não tiverem sido imunizadas precisam de uma dose de tríplice viral.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, listou outras ações realizadas pela pasta para reforçar a prevenção e o combate à doença: envio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (grupo transdisciplinar de voluntários que atua em emergências de saúde no país); capacitação de 277 profissionais de saúde e 26 técnicos; reforço do número de ambulâncias; e criação de uma sala de vacinação em Pacaraima, cidade de fronteira com a Venezuela e um dos pontos de entrada de migrantes daquele país.

Barros acrescentou que há médicos venezuelanos inscritos no Programa Mais Médicos com disposição para atuar em Roraima. Mas a medida ainda está sendo analisada pois, conforme o ministro, falta que o estado e os municípios criem condições para recebê-los.

Casos confirmados

Roraima já conta com seis casos confirmados de sarampo. O Ministério da Saúde destacou, contudo, que todos eles envolveram venezuelanos, não tendo ainda atingido brasileiros.

Há suspeita de que uma morte possa estar relacionada à doença, mas equipes de saúde ainda investigam o episódio, bem como outros 29 registros de casos suspeitos. Não há notificação de casos em outras unidades da Federação

Cobertura menor

O Brasil ganhou o selo de país livre de sarampo em 2016. Em que pese o problema estar ainda localizado em venezuelanos abrigados em Roraima, dados do Ministério da Saúde mostram que a cobertura em 2017 está menor do que em anos anteriores.

Em 2013, a cobertura da primeira dose chegou a 107,46% e a da segunda, a 68,87%. Em 2014, 112,8% e 92,88%. Em 2015, 96% e 80%. Em 2016, 95,4% e 76,7%. Em 2017, o percentual de imunização caiu para 83,2% na primeira dose e 68,5% na segunda dose, sendo o menor dos últimos cinco anos. Neste último caso, os dados são preliminares.

Febre amarela

O ministro da Saúde também tratou na entrevista coletiva da situação da febre amarela no país. Ele afirmou que a disseminação da doença já está reduzindo seu ritmo. O último boletim do Ministério chegou a 237 mortes e 723 casos relacionados à doença, calculados a partir de julho de 2017. Os índices são maiores do que os registrados no surto de 2016/2017, quando no mesmo período houve 576 casos e 184 óbitos.

Questionado sobre a ocorrência maior neste ano, Barros minimizou os números, argumentando que, proporcionalmente à população exposta, ele é menor do que o surto do período anterior. O titular da pasta classificou a situação de ações de imunização como “controlada”, mas afirmou que serão necessárias medidas “mais claras e mais duras” para o próximo ciclo de monitoramento da doença, a partir do meio deste ano.

Perguntado sobre que medidas estão em análise, o ministro não deu detalhes. “Vamos cobrar maior atuação das vigilâncias nos estados, vamos eventualmente pactuar uma vacinação mais ampla nessas áreas onde nunca houve recomendação de vacina e, portanto, não há cobertura vacinal da população”, afirmou.

Frente a perguntas dos jornalistas sobre se o quadro atual configuraria ou não um surto, o secretário de Vigilância em Saúde, Adilson Cavalcante, tangenciou e preferiu não responder assertivamente. “A discussão se é surto ou ciclo não precisa ser feita. Eu prefiro considerar um aumento do número de casos no ciclo, até porque fazemos a resposta independentemente da classificação”, disse.

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