Governo pede via Interpol dados de empresa que administra navio suspeito

A Polícia Federal também informou que aguarda informações sobre o navio pedidas via cooperação política internacional a Cingapura, Venezuela, África do Sul, Nigéria e Grécia

  • Por Jovem Pan
  • 04/11/2019 18h59 - Atualizado em 04/11/2019 18h59
  • BlueSky
Cesar T Neves / MarineTraffics.com Além do navio Bouboulina, outras quatro embarcações de bandeira grega também são suspeitas

O governo brasileiro pediu, por meio da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), informações à Delta Tankers Ltd, que administra o navio Bouboulina, de bandeira grega, suspeito de ter derramado óleo que atinge as praias do Nordeste.

“A empresa vai ser notificada agora. A gente fez os pedidos através de Interpol. Ela vai tomar conhecimento da investigação toda e vai ter oportunidade de apresentar estes documentos que ela alega ter”, disse nesta segunda-feira, 4, o delegado Franco Perazzoni, chefe do serviço de geointeligência da Polícia Federal.

No final de semana, a empresa afirmou por meio de nota que uma investigação em material de câmeras e sensores de suas embarcações não encontrou evidências de que o navio “tenha parado para fazer qualquer tipo de operação entre dois navios, vazado óleo, desacelerado e desviado do seu curso, na passagem da Venezuela para Melaka, na Malásia”.

Perazzoni ponderou que a empresa é suspeita, mas não foi indiciada. “A gente vai reunir todos estes elementos e avaliar”, comentou. A PF informou que o Brasil aguarda informações sobre o navio pedidas via cooperação política internacional a Cingapura, Venezuela, África do Sul, Nigéria e Grécia.

Dano bilionário

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, disse que o dano ambiental pelo avanço de óleo em praias do Nordeste “com certeza” será na “casa dos bilhões”.

Ele afirmou que mais de uma multa ambiental pode ser aplicada em casos desta proporção. Cada multa tem valor máximo de R$ 50 milhões.

Perazzoni, da PF, afirmou que diversas medidas de “descapitalização” também são possíveis, além da multa, como sequestro de bens e arresto.

Ele disse que os danos pelo óleo derramado são de “tal monta” que acabam sendo irreparáveis. A pena para crimes como de poluição, não notificar incidentes ao mar e delito ambiental podem chegar a 10 anos, disse Perazzoni.

Segundo o comandante Leonardo Puntel, diminuiu nos últimos dias a quantidade de óleo que chega às praias, mas não é possível estimar o volume que ainda irá atingir o litoral. “Como o óleo navega submerso, é muito difícil detectá-lo”, afirmou.

Assim como Puntel, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse mais cedo que não há como saber a quantidade de óleo que ainda pode chegar às praias. Ambos desviaram de perguntas sobre declaração do presidente Bolsonaro de que o “pior está por vir”.

Puntel disse que investigações apontam que o navio suspeito fez uma operação de transferência de carga (“ship to ship”) em águas internacionais, próximo de Cingapura. O governo brasileiro aguarda respostas do país asiático sobre o caso.

O Ministério da Defesa informou que quatro Estados do Nordeste têm praias limpas e outros três apresentam áreas leve ou moderadamente afetadas pelo óleo:

Situação das praias do Nordeste

De acordo com as autoridades, o Estado do Ceará está limpo, assim como o Rio Grande do Norte e Pernambuco. Na cidade de Japaratinga, em Alagoas, a situação das manchas de óleo é considerada leve; em Piaçabuçu, Barra de S. Miguel, Coruripe, Feliz Deserto e Maragogi, também no litoral de Alagoas, a situação é a mesma.

Em Aracaju, no Estado de Sergipe, a situação também é leve. O litoral da Paraíba segue limpo. Já em Camaçari, na Bahia, a situação do óleo é moderada. As cidades de Ilhéus, Salvador e Cairu são encontradas pequenas manchas e a situação é considerada leve.

*Com informações do Estadão Conteúdo

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.