Governo quer Bonifácio na relatoria, e não qualquer um do PSDB, crê líder tucano na Câmara
A escolha do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) como relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, na CCJ da Câmara, expôs um racha entre tucanos e a base do governo. A executiva nacional chegou a pedir publicamente a saída de seu deputado da relatoria, porém uma “gentileza” do PSC permitiu que Andrada seguisse no cargo.
Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, o deputado Ricardo Tripoli (SP) confirmou à Jovem Pan que o partido não havia dado o aval ao presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para a escolha de um tucano à relatoria. “Imagino que é uma escolha do PSC em colocá-lo na relatoria. Nós não poderíamos ter um relator pela bancada do PSDB, pois o presidente da CCJ não havia consultado a liderança e nem a presidência nacional do partido. Portanto, ele não tinha o aval para ser o relator dessa matéria”, esclareceu.
Tripoli frisou ainda que o PSDB também não fechou questão sobre os votos contra Temer. “ Como há parlamentares que entendem que devem votar favoravelmente e há um grupo que vota contra, a liderança tem obrigação de liberar a bancada para que eles se manifestem na hora a votação”, afirmou.
Questionado sobre o envio de um requerimento à presidência da CCJ por parte do deputado Sérgio Zveiter (PODE-RJ), relator da primeira denúncia contra o presidente da República, que classifica o episódio como uma manobra do PSDB, Tripoli diz entender como cabível o questionamento. “O deputado Zveiter que foi do PMDB e já mudou de partido tem o entendimento de que Bonifácio não poderia estar em outra legenda. Entendo como correta a manifestação dele e o partido que o abrigou é que tem que definir agora se ele deve ser o relator. Mas na parte do PSDB não. Nós solicitamos ao deputado Bonifácio que não aceitasse. Mas imagino eu que o governo tem interesse de que seja o Bonifácio na relatoria, e não qualquer um do PSDB. Então, se essa decisão é tomada por um outro partido cabe um questionamento ao presidente da CCJ por um outro partido, e não ao PSDB”, pontuou Tripoli.
Emendas e cargos
Já sobre a distribuição de emendas e a possível barganha de cargos entre os membros do governo para tentar a salvação, Tripoli entende que cabe a cada um a responsabilidade pelo seu voto, seja pela admissibilidade da denúncia ou não. “Da mesma forma que metade da bancada votou pela admissibilidade na primeira denúncia, imagino que deva ocorrer o mesmo. No PSDB não teremos mudanças. Da mesma forma como eu fiz em não substituir deputados, pois se queria que os deputados que votaram contra o presidente fossem substituídos. Isso nós não faremos e eles votarão da maneira criteriosa como foi na primeira matéria”, finalizou.
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