Governo quer ‘substituir queimadas’ como método para abrir áreas na Amazônia
Segundo a ministra da Agricultura, pequenos produtores podem estar causando incêndios para abrir espaço para plantar
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou nesta segunda-feira (26) que o ministério vai fazer campanhas para incentivar que produtores usem outros métodos, e não as queimadas, para abrir áreas na região da Amazônia.
Segundo ela, pequenos produtores podem estar causando incêndios para conseguir espaço para plantar. “As queimadas às vezes acontecem como ferramenta agrícola, principalmente dos pequenos produtores rurais. […] São áreas individualmente pequenas, mas que, em uma época dessa [de seca], realmente podem trazer problemas”, pontuou.
Conforme a ministra, além das campanhas para utilização de outras metodologias, é necessário “capacitar, dar assistência técnica e crédito aos produtores, para poder fazer isso de uma maneira mais racional”. Ela lembrou, também, que a fiscalização no local é difícil por causa do tamanho da Amazônia, mas assegurou que o governo já está trabalhando para resolver essa questão.
“Casos isolados acontecem em todos os países do mundo. Não é só aqui, não. Mas, pela dimensão do Brasil, às vezes temos coisas acontecendo na Amazônia que é difícil a fiscalização. Mas isso é uma das coisas que o governo brasileiro vai trabalhar de maneira a fazer uma fiscalização cada vez maior. No entanto, não será a melhor do mundo pelas dimensões que nós temos”, disse.
Acordo Mercosul e União Europeia
Tereza afirmou que acredita que houve exagero da França e da Irlanda sobre as notícias de queimadas na Amazônia. “Houve um exagero, inclusive em linkar essa queimada deste ano com o acordo comercial. O acordo Mercosul e União Europeia foi construído há 20 anos. Claro que não agrada a todos. […] Acho que houve um exagero principalmente da França e da Irlanda em sair dizendo que poderiam romper esse acordo”, falou.
De acordo com a ministra, o Brasil não está livre de sofrer embargos, mas ela espera que eles não ocorram. “Nunca se está livre de embargos. Não sabemos como cada país, que é soberano, pode reagir a isso. Acho que isso seria um casuísmo. Mas não estamos livres, ainda vamos às repercussões de toda essa matéria sobre o problema que aconteceu neste final de semana. Espero que não, pelo bem do Brasil e do agronegócio brasileiro”.
Dia do Fogo
Tereza também comentou sobre a possibilidade de que tenha existido o Dia do Fogo e que isso tenha amplificado o problema na região. “Primeiro eu não sei se é sobre produtores rurais. Quem está investigando isso é a Polícia Federal. E quem fez mal feito, tem que pagar, seja lá o que for. Parece que existe esse indício, mas isso tem que ser apurado. E, quando for, as responsabilidades serão colocadas a quem couber”, disse ela.
O Dia do Fogo, segundo investigações em curso e reportagens, teria acontecido no dia 10 de agosto, quando sindicalistas, produtores rurais, comerciantes e grileiros teriam combinado por um grupo de WhatsApp de incendiar as margens da BR-163, rodovia que liga o Pará aos portos fluviais do Rio Tapajós e ao estado do Mato Grosso.
* Com informações da Agência Brasil
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