Greenpeace vai à Justiça contra Salles por insinuações sobre vazamento

Na tarde desta quinta-feira (24), o ministro do Meio Ambiente usou o Twitter para dizer que o navio da ONG navegou ‘em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano’

  • Por Jovem Pan
  • 24/10/2019 18h33 - Atualizado em 24/10/2019 18h44
Marcos Corrêa/PR Ricardo Salles de óculos O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

A organização ambiental Greenpeace vai acionar, na Justiça, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pelas declarações publicadas no Twitter, nesta quinta-feira (24), insinuando que um barco da ONG estava na mesma área suspeita de derramar o petróleo cru que se espalhou pelo litoral do Nordeste do país.

O coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini, disse que a área jurídica da organização já foi mobilizada e que Salles será interpelado judicialmente.

“Iremos à Justiça contra as falsas declarações feitas pelo ministro”, disse Astrini. “A decisão está tomada. Agora, será analisada por nossa área jurídica.”

Na tarde desta quinta (24) Ricardo Salles usou o Twitter para afirmar que um navio da ONG passou “em frente ao litoral brasileiro”.

“Tem umas coincidências na vida né… Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano…”, disse o ministro.

O Ministério do Meio Ambiente foi questionado se, de fato, realiza algum tipo de investigação que envolva a embarcação do Greenpeace, mas não se manifestou sobre o assunto, nem sobre a ação judicial que será movida contra o ministro.

Em reação às afirmações do ministro, o Greenpeace publicou uma nota, na qual afirma que, “enquanto o óleo continua atingindo as praias do Nordeste, o ministro Ricardo Salles nos ataca insinuando que seríamos os responsáveis por tal desastre ecológico”. “Trata-se, mais uma vez, de uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade de Salles em lidar com a situação”, declarou a ONG.

A organização afirmou que seu navio Esperanza faz parte de uma campanha internacional chamada “Proteja os Oceanos”, que saiu do Ártico e vai até a Antártida ao longo de um ano, denunciando as ameaças aos mares.

A embarcação passou pela Guiana Francesa entre agosto e setembro, onde realizou uma expedição de documentação e pesquisa do recife conhecido como Corais da Amazônia, segundo o Greenpeace, com o propósito de lutar pela proteção dos oceanos e contra a exploração de petróleo em locais sensíveis para a biodiversidade marinha. No momento, o navio está atracado em Montevidéu, no Uruguai.

Ilação desnecessária

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reproduziu uma matéria sobre o tweet de Salles informando que aguardava “uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente”.

Salles respondeu Maia informando que a própria ONG confirmava que havia navegado “pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar”.

O presidente da Câmara, então, rebateu por meio da rede social, agradecendo a resposta, mas afirmando que o “tuíte faz uma ilação desnecessária.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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