Greve gera caos no transporte público de SP; Metrô diz que ‘não há justificativa’ para paralisação
Linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata foram afetadas e não estão em funcionamento; o rodízio municipal de veículos estará suspenso durante o dia inteiro
Desde a madrugada desta quinta-feira, 22, as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô estão paralisadas devido à greve do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. A paralisação foi confirmada na noite desta quarta-feira, 22, após assembleia dos trabalhadores dos trens da capital paulista. De acordo com o divulgado pela companhia, as linhas 4-Amarela e 5-Lilás seguem em operação, bem como os trens da CPTM. Contudo as transferências para as linhas 2-Verde e 3-Vermelha permanecerão fechadas nas estações, tanto do Metrô, quanto da CPTM. As três linhas afetadas pela greve respondem por 90% dos 2,8 milhões de passageiros transportados por dia por todo o Metrô de São Paulo. A Operação PAESE, que opera com ônibus gratuitos em certos casos emergenciais, não está em funcionamento. Em consequência da greve, a Prefeitura de São Paulo anunciou que o rodízio municipal de veículos estará suspenso durante toda a quinta.
Nas redes sociais, usuários relatam frustração com a paralisação das atividades e aglomerações em frente às estações de pessoas que não estavam cientes da greve. Em virtude da greve, a Polícia Militar informou que intensifica o policiamento ostensivo preventivo nos principais corredores viários, estações de metrô e terminais rodoviários. CPTM, que opera normalmente, registra lotação e longas filas para acessar as catracas. Em nota enviada à Jovem Pan, o Metrô de São Paulo declara que acionará seu plano de contingência para garantir o funcionamento mínimo do sistema e conta com “o bom senso da categoria para não prejudicar o transporte de milhões de pessoas”.
“O Metrô entende que não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público”, afirmou a companhia. A empresa afirma que “empenhou todos os esforços” para atender às reivindicações do sindicato e justifica que a atual realidade econômica “não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento”. “A empresa teve significativas quedas de arrecadação pela pandemia e não teve ainda o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019”, destacou o comunicado.
Entre as reivindicações do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, estão o fim das terceirizações e a contratação de novos funcionários para diminuir o déficit de empregados gerados nos últimos anos. Os trabalhadores também pedem o pagamento do abono salarial dos últimos anos. A paralisação já estava marcada há mais de uma semana, mas havia sido adiada após audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Confira abaixo o posicionamento do Metrô de São Paulo na íntegra:
“O Metrô entende que não há justificativa para que o Sindicato dos Metroviários declare greve reivindicando o que já vem sendo cumprido pela empresa, sendo que tal atitude só prejudica a população que depende do transporte público.
O Metrô empenhou todos os esforços para atender aos pleitos do Sindicato, em acordo com a realidade econômica da Companhia. Essa realidade não possibilita o pagamento de abono salarial neste momento, já que a empresa teve significativas quedas de arrecadação pela pandemia e não teve ainda o retorno total da demanda de passageiros, se comparada a 2019.
Ainda assim, a empresa cumpre integralmente com o Acordo Coletivo de Trabalho e com a regra estabelecida para a política de progressão salarial aos seus funcionários. Também concedeu de forma excepcional a progressão na carreira superior a regra estabelecida para os anos de 2020, 2021 e 2022.
O Metrô acionará seu plano de contingência para garantir o funcionamento mínimo do sistema e conta com o bom senso da categoria para não prejudicar o transporte de milhões de pessoas.
Importante destacar que a Companhia aumentou os salários de seus funcionários em 20% nos últimos 2 anos, enquanto o salário-mínimo teve aumento de 17%. Enquanto a maioria das empresas demitiam ou diminuíam o salário, o Metrô aumentou os salários, mesmo com prejuízo causado pela pandemia. O salário médio do funcionário do Metrô com gratificação por tempo de serviço é de R$ 10 mil e, se somarmos aqui os vales refeição e alimentação, o valor chega a R$ 11,5 mil, além de outros benefícios acima da média, muito além dos exigidos pela CLT, como previdência suplementar, plano de saúde sem mensalidade, hora extra de 100% (CLT determina 50%), adicional noturno de 50% (CLT determina 20%), abono de férias em cerca de 70% (CLT determina 1/3), gratificação por tempo de serviço 1% do salário-base por ano trabalhado; complemento salarial para afastados e auxílio creche/educação de R$ 854 e auxílio creche/educação para filhos com deficiência de R$ 1,7 mil, dentre outros, o que não é a realidade atual de mais de 90% da população brasileira”.
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