Guimarães diz que Maranhão cedeu à pressão e prevê vitória futura no Senado

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/05/2016 12h22
17/04/2016- Brasília- DF, Brasil- Sessão especial para votação do parecer do dep. Jovair Arantes (PTB-GO), aprovado em comissão especial, que recomenda a abertura do processo de impeachment da presidente da República. Na foto, Dep. José Guimarães (PT-CE). Foto: Antonio Augusto/ Câmara dos Deputados Antonio Augusto/Câmara dos Deputados José Guimarães

O líder do governo Dilma Rousseff na Câmara, José Guimarães (PT-CE), criticou o presidente em exercício da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), pela decisão de revogar a anulação do processo de impeachment na Casa. Segundo Guimarães, o presidente interino da Câmara cedeu à pressão da oposição. “Vi o grau de pressão que foi feita, as pessoas aqui acham que tudo podem. Não ficou bom. Na política, tem que ter lado, tem que perfilar e caminhar. A sociedade prefere transparência do que pular de galho em galho”, disse o líder, em café da manhã com jornalistas na liderança do governo.

Guimarães afirmou que a disposição do governo e dos aliados é de “não entregar os pontos no Senado”, que deverá aprovar, em plenário nesta quarta-feira (11), o prosseguimento do processo de impeachment. Uma votação desfavorável levará ao afastamento de Dilma da presidência por, ao menos, 180 dias, até a votação final do caso.

“Se o Senado aprovar (o prosseguimento do processo do impedimento), temos condições plenas de reverter em um segundo momento. Está havendo uma mudança muito grande na opinião pública. Estamos seguros de que vamos lutar até o fim, essa é a orientação da presidente Dilma. O governo Dilma está muito maior do que quando começou o processo de impeachment na Câmara”, disse.

O petista reconheceu que também houve pressão, que batizou de “articulação”, por parte dos governistas para que Maranhão anulasse as sessões que levaram ao impeachment da presidente na Câmara. No domingo (8), o presidente interino da Câmara reuniu-se com o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, defensor de Dilma no Congresso e com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), aliado da presidente, com quem discutiu a anulação das sessões.

O líder evitou comentar a fragilidade de Maranhão no comando da Câmara, especialmente no momento em que o presidente em exercício desagradou adversários e aliados do governo, ao anular o processo de impeachment e depois voltar atrás.

Na véspera da votação no plenário do Senado, Guimarães negou que o encontro com os jornalistas tivesse clima de despedida do cargo. O petista provocou aliados de Temer no Congresso, ao comentar a possibilidade de o possível governo do peemedebista enviar medidas impopulares como as mudanças nas regras da aposentadoria. “Quero ver a oposição defender a reforma da Previdência”, disse. O próprio PT foi contra a reforma quando o governo da presidente Dilma tentou aprovar novas regras no Legislativo.

Ao longo dos próximos 180 dias, depois de eventual afastamento da presidente, Guimarães defende que os aliados de Dilma atuem em três frentes, inclusive com recursos à Justiça. O líder afirmou, no entanto, que falava em seu nome e não no do governo. “Não sei qual vai ser o desfecho, mas minha opinião pessoal é lutar em três esferas: nas ruas, para dar mais velocidade (às manifestações pró-Dilma), além de não entregar os pontos no Senado e atuar também no Judiciário”.

Guimarães cobrou novos levantamentos dos institutos de pesquisa e disse ter certeza de que a popularidade da presidente Dilma aumentou. Ele afirmou que não há hipótese de a presidente renunciar ao cargo, mesmo que, amanhã, o Senado aprove o afastamento de Dilma.

Por fim, o governista defendeu que, com Dilma ou Temer no governo, a esquerda deve se organizar em uma “frente ampla para discutir algo mais estratégico para o País”. Pois, de acordo com ele, o diretório nacional do PT vai se reunir nos próximos dias 16 e 17, em Brasília.

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