Há 30 anos, José Sarney assumia a Presidência da República após morte de Tancredo Neves
No dia 15 de março de 85, o país esperava a posse de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil desde o golpe militar de 64. Escolhido indiretamente pelo Colégio Eleitoral, dois meses antes, o político mineiro ficou doente na véspera.
Coube a José Sarney fazer o juramento no Congresso Nacional: “prometo manter, defender e cumprir a Constituição. Observar as leis, promover o bem geral e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.
O ex-presidente José Sarney foi avisado de madrugada sobre a doença de Tancredo Neves e não acreditava no que ouvia pelo telefone. “Foi de uma emoção de pânico. Eu nunca pensei na minha vida que eu pudesse ser presidente da Repúblico. Em segundo lugar, eu não sabia da doença de Tancredo. Só soube na véspera que ele foi internado. Eu o achava sadio, cheio de vida, inteligente. Uma figura excepcional. E quando ele vem a ficar doente e me comunicam às 3h da manhã, que vou assumir a Presidência, aquilo foi um choque brutal”, disse.
Sarney temia por uma reação dos militares. “Sempre uma travessia muito difícil na vida da gente. Qualquer pessoa ser presidente da República, entrar para dirigir o Brasil na transição democrática em que os militares ainda eram muito fortes; eu de um Estado pequeno, sem grupos econômicos para me apoiar e sem a mídia nacional e sem partido. Tudo levava a crer que eu seria um presidente para entrar e ser deposto”, contou.
Depois da posse de José Sarney, o país passou acompanhar a agonia de Tancredo Neves. O presidente foi transferido para São Paulo e ficou 38 dias no Instituto do Coração até a notícia final, transmitida pelo porta-voz Antônio Brito.
“Lamento informar que o Excelentíssimo Sr. Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves faleceu esta noite no Instituto Coração, às 22h23. Acrescento o seguinte: nos ultimos 50 anos, a vida pública de Tancredo Neves confundiu-se com sonhos e ideais brasileiros de união, de democracia, de justiça social e de liberdade. Nos últimos meses, pela vontade do povo e com a lidernaça de Tancredo, esses ideais se trasformaram na nova República. Com a mesma fé e determinação, o Brasil haverá de realizar os ideais do líder que acaba de perder, Tancredo Neves”, anunciou o porta-voz.
Tancredo Neves morreu na noite de 21 de abril de 85, um domingo, dia de Tiradentes. Ao presidente José Sarney só restou manter os ideais do político mineiro que, para o Brasil, virou o símbolo da democracia e da esperança.
“Asseguro a nação, com todas as forças da vontade e da coragem, que o legado de Tancredo Neves permanecerá vivo. Assim como não lhe faltei com a minha lealdade no período do seu calvário, saberei honrá-lo após a sua morte e não deixarei murchar a chama de esperança que plantamos no Brasil”, declarou Sarney.
O maranhense cumpriu a promessa: ajudou na travessia democrática. Em 88, o Brasil ganhou uma nova Constituição e no ano seguinte voltou as urnas para eleger o presidente da República.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.