Fernando Haddad vira réu por corrupção e lavagem de dinheiro

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2018 17h59 - Atualizado em 19/11/2018 18h25
Ananda Migliano/Estadão Conteúdo Em nome de Haddad, ex-tesoureiro do PT teria cobrado R$ 3 milhões da UTC Engenharia

A Justiça de São Paulo tornou réu o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O petista teria pedido R$ 3 milhões da UTC Engenharia, por meio do ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, para quitar dívidas de campanha com a gráfica do ex-deputado da legenda Francisco Carlos de Souza, o “Chicão”.

A decisão de abrir ação penal foi tomada pelo juiz Leonardo Valente Barreiros, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, que acolheu parcialmente denúncia do Ministério Público estadual, que aponta o repasse efetivo de R$ 2,6 milhões a Haddad. Barreiros rejeitou acusar de formação de quadrilha o candidato à presidência derrotado.

A denúncia foi apresentada pelo promotor Marcelo Mendroni, que integra grupo de combate a crimes econômicos. Segundo ele, o então tesoureiro do PT “representava e falava em nome de Fernando Haddad” e que em 28 de fevereiro de 2013, o prefeito divulgou agenda que indicava reunião com o Ricardo Pessoa, da UTC.

Pessoa, que se tornou delator da Operação Lava Jato, já mantinha uma espécie de “contabilidade paralela” junto a Vaccari, relativa a propinas pagas em decorrência de contratos de obras da empreiteira com a Petrobras. A relação tinha uma “dívida” a saldar, em pagamentos indevidos de propinas, de cerca de R$ 15 milhões.

‘Solicitação teria sido atendida’, diz juiz

Em sua decisão, Barreiros anotou que “a solicitação de R$ 3 milhões teria sido atendida”. “Pessoa a prometeu e ofereceu diretamente para Vaccari e indiretamente para Haddad. Para operacionalizar aquele pagamento indevido, Vaccari indicou e passou o número de telefone celular de Francisco Carlos de Souza.” Chicão, por sua vez, trataria do assunto com Walmir Pinheiro Santana.

O valor foi negociado e diminuído para R$ 2,6 milhões e teria sido pago de duas formas, segundo a promotoria. Na primeira, o doleiro Alberto Youssef mandava um funcionário entregar valores na garagem de um edifício. Na segunda, eram feitas transferências bancárias por empresas e pessoas diretamente a contas de gráficas indicadas por Chicão, para ocultar a real origem do dinheiro.

Defesa

A defesa de Haddad negou que ele tenha cometido crimes. “A denúncia é mais uma tentativa de reciclar a já conhecida e descredibilizada delação de Ricardo Pessoa”, afirmou, em nota. “Trata-se de abuso que será levado aos tribunais.” Em setembro, advogados do ex-prefeito haviam alegado – nos autos – que a denúncia era “inepta”.

Essa é a primeira vez que o petista se torna réu em uma ação criminal. Antes, ele respondia por uma ação de improbidade administrativa por supostas irregularidades em obras das ciclovias de São Paulo.

Quem são os réus

  • Alberto Youssef, doleiro e suposto repassador da propina (lavagem de dinheiro e formação de quadrilha);
  • Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo (corrupção passiva e lavagem de dinheiro);
  • Francisco Carlos de Souza, ex-deputado e dono da gráfica envolvida (corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha);
  • João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT (corrupção passiva e lavagem de dinheiro);
  • Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC Engenharia (corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha);
  • Walmir Pinheiro Santana, operador financeiro da UTC Engenharia (corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha).

*Com informações do Estadão Conteúdo

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