Hidra de Lerna atinge cabeças do PT e esfarela ainda mais imagem do partido
Dois dias após ter um resultado negativo nas urnas com queda de 59,4% no comando das prefeituras, mais uma vez o PT tem nomes de seu partido envolvidos em escândalos de corrupção. Desta vez, a Polícia Federal deflagrou a Operação Hidra de Lerna, que investiga um esquema de financiamento ilegal de campanhas políticas na Bahia e outro de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.
Em comum? A presença de membros do “Partido dos Trabalhadores”. Nome forte da política de esquerda brasileira, o PT vê sua estrela esfarelando a cada nova operação envolvendo alguns de seus nomes.
Nesta terça-feira (04), o governador da Bahia, Rui Costa, e dois ex-ministros das Cidades, Márcio Fortes e Mário Negromonte, atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia, viram-se envolvidos em manchetes de portais e jornais do País.
(Governador Rui Costa durante desfile cívico de 7 de setembro em Salvador. Crédito: Carol Garcia/GOVBA)
A operação chega como mais um duro golpe na sigla, que mal acaba de se recuperar do resultado das urnas neste ano e do afastamento definitivo de Dilma Rousseff da presidência da República.
Para o cientista político Rafael Cortez, o episódio reforça o desgaste. “O envolvimento eventual de líderes mais expressivos aumenta a repercussão na opinião pública e reforça o peso negativo desta agenda para a vida partidária, em particular o PT da Bahia”, disse em entrevista à Jovem Pan Online.
Na avaliação do especialista, a situação do PT ainda pode se aprofundar mais e agravar o ambiente de crise tido desde o início das investigações que apuram os desvios na Petrobras. “Vai ser ainda mais significativa [a crise] se a Operação Lava Jato trouxer mais informações envolvendo nomes importantes do PT”, explicou.
Lula: tábua de salvação ou derrocada do PT?
Tido como ponto central da Lava Jato, o ex-presidente da República vê inúmeras vezes seu nome desgastado, mas ainda mantém certos admiradores – dentro e fora do partido.
Lula, que já foi denunciado pela Lava Jato, parece sempre estar ligado quando algum companheiro petista pisa na bola. A imagem do ex-presidente está associada aos escândalos. Tanto por já ter sido denunciado, como por ser o principal nome do partido.
O petista, na visão de Rafael Cortez, tem uma relação ambígua com a legenda que o fez presidente da República por dois mandatos seguidos. “Ele explica boa parte da crise, mas é visto como principal esperança para reconstrução da legenda do ponto de vista programático e eleitoral”, afirmou.
Ou seja, mesmo denunciado e respondendo por corrupção e lavagem de dinheiro, Luiz Inácio Lula da Silva ainda é tido como a principal tábua de salvação no momento mais grave que o partido vive em sua história.
(Ex-presidente Lula, durante caminhada em Ipojuca, no Pernambuco. Crédito: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
“Cara nova” para evitar o anti-petismo
Recentemente, Lula defendeu uma “cara nova” para o lugar do atual presidente da legenda, Rui Falcão. A iniciativa veio após a derrota do PT nas urnas.
Entre o principal nome defendido por Lula? Jaques Wagner, o ex-ministro-chefe da Casa Civil. Mas este negou e tem direcionado sua expectativa para uma renovação da direção petista.
Sem estratégia clara após o impeachment de Dilma e o alto recuo no comando dos municípios, discute-se um novo comando. E quem poderia salvar o PT em tal momento? Isso mesmo, Luiz Inácio Lula da Silva.
“Isso mostra uma dependência muito grande do Lula, porque muito embora ele seja um dos principais alvos, ele também é o principal nome do partido”, lembrou Cortez.
É um certo idealismo crer que o Partido dos Trabalhadores viria a público assumir grandes culpas ou iniciar um processo de expulsão de seus membros, mas uma mudança é necessária.
Rafael Cortez exemplificou: “é necessária uma mudança de práticas para o futuro. Especialmente a abertura do partido a segmentos sociais que podem contribuir para essa renovação”.
Resumindo: o PT precisa recuperar uma associação mais forte com a sociedade civil organizada para que, a partir disso, saiam novos nomes para repaginar as lideranças políticas e fortalecer a sua presença em plano eleitoral.
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