‘Imperador do samba’, ex-tesoureiro do PT nega propina e diz incentivar escolas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 28/07/2016 10h56
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Lúcio Bernardo Jr/Câmara dos Deputados ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira - Ag. Câmara

O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, alvo de mandado de prisão na Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que “não tem conhecimento da existência de cartel de empresas que atuaram em licitações da Petrobras” e negou ter recebido propina de empreiteiras sobre obras da estatal. Paulo Ferreira foi tesoureiro da legenda entre 2005 e dezembro de 2009.

A Operação Abismo aponta que o ex-vereador do PT em Americana (SP), Alexandre Romano, o Chambinho, intermediou propinas sobre obras do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes) para Paulo Ferreira, que “teria recebido os valores na condição de agente do Partido dos Trabalhadores”.

Os investigadores da Abismo afirmam que parte da propina destinada a Paulo Ferreira sobre obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio, foi direcionada para a escola de samba Estado Maior da Restinga, em Porto Alegre.

Os investigadores descobriram que a madrinha de bateria da Estado Maior da Restinga, Viviane Rodrigues, recebeu uma espécie de “mensalinho”, abastecido com parte de propinas que teriam sido destinadas ao ex-tesoureiro do PT. Chambinho entregou à Procuradoria da República recibos de depósitos para a madrinha, a pedido de Paulo Ferreira. Entre 2010 e 2012, a sambista teria recebido R$ 61,7 mil em 18 parcelas.

À PF, o ex-tesoureiro afirmou que “conhece a escola de samba Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga, Viviane da Silva Rodrigues e Sandro Ferraz, bem como o presidente de tal escola”. Disse ainda que “recebeu o título de imperador do samba do Rio Grande do Sul, que possui relação com o setor da cultura popular” do Estado e que “incentiva as escolas de samba, por meio de modalidade de financiamento, a exemplo de leis de incentivo”.

Ferreira declarou à PF que conhece Chambinho desde 2006. O ex-vereador do PT foi preso em 2015 na Operação Pixuleco, uma fase da Lava Jato. Fez delação premiada e ganhou regime domiciliar. O ex-tesoureiro disse ser padrinho de casamento de Chambinho e não ter negócios com o ex-vereador do PT.

“Não recebeu valores em espécie de Alexandre Romano. Em razão da relação de amizade e confiança que depositava em Alexandre Romano, acabou recebendo dele ajuda para a arrecadação de recursos para sua campanha para deputado federal em 2010”, disse Ferreira no seu depoimento. “O dinheiro vinha de empresas que financiavam a sua campanha, bem como de recursos próprios de Alexandre Romano”, completou.

Paulo Ferreira declarou que “não tem conhecimento de empresas de construção que teriam efetuado oferta e/ou pagamento de valores a funcionários da Petrobras”. O ex-tesoureiro do PT disse ainda que não conhece o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e nem o ex-gerente executivo da companhia Pedro Barusco, um dos delatores de esquema de corrupção investigado na Lava Jato.

Segundo a Procuradoria da República, o esquema investigado na Abismo envolveu diversas empresas que pagaram mais de R$ 39 milhões em vantagens indevidas para empresa participante do certame, para Diretoria de Serviços e Partido dos Trabalhadores.

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