Investigação do MP contra Fabrício Queiroz apura lavagem de dinheiro

  • Por Jovem Pan
  • 19/01/2019 14h21
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Reprodução/SBT Fabrício Queiroz Ex-assessor de Flávio Bolsonaro está tratando câncer

Lavagem de dinheiro e ocultação de bens são os crimes pelos quais o Ministério Público estava investigando Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A apuração sobre movimentações financeiras começou há seis meses com foco no gabinete do agora senador eleito.

Os autos estão sob sigilo judicial, entretanto, informações já vazaram à imprensa. A base deste e de outros 21 procedimentos criminais abertos contra parlamentares e funcionários do Poder Legislativo fluminense é um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre transações bancárias suspeitas.

O documento do Coaf foi produzido por técnicos em janeiro de 2018, e anexado aos autos da Operação Furna da Onça – que em novembro do ano passado prendeu 10 deputados estaduais do Rio suspeitos de receberem propina. O relatório mostrou que Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão no período de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

Na noite de sexta-feira (18), a TV Globo teve acesso e revelou outro relatório do conselho, que mostra movimentações bancárias suspeitas do próprio Flávio Bolsonaro. Entre junho e julho de 2017, ele recebeu 48 depósitos em espécie, no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj, e sempre no mesmo valor: R$ 2 mil.

Na quarta (16), o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, atendeu a um pedido de Flávio Bolsonaro e determinou a suspensão da investigação. O relator do caso, Marco Aurélio Mello, vai analisar a reclamação feita pela defesa em fevereiro, após recesso. Entretanto, o ministro indicou que vai negar a solicitação.

Apurações

Os autos do procedimento para apurar as transações de Queiroz e outros assessores do gabinete são assinados pelo promotor que cuida do caso, Bruno Gaspar, do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça. Queiroz recebeu depósitos de outros servidores do parlamentar, sempre próximos às datas de pagamentos na Alerj.

Em 14 de dezembro, o promotor pediu que fossem requisitados do Coaf dados sobre movimentações financeiras de Flávio de 2007 até agora. O pedido abrange Queiroz e mais sete funcionários e ex-funcionários do então deputado no período. A iniciativa serviu para que a defesa de Flávio pedisse ao STF a ilegalidade do processo, alegando foro privilegiado.

Os arquivos do Ministério Público também comprovam que a apuração sobre o relatório do Coaf começou antes da exoneração da filha de Queiroz, Nathalia – citada no documento -, do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, em 15 de outubro. No mesmo dia, o pai também foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Alerj.

A família de Queiroz faltou a todos depoimentos marcados por promotores para esclarecer as questões apontadas pelo Coaf. Eles alegaram que o ex-assessor passa por um tratamento contra um câncer – recentemente, ele passou por uma cirurgia. Outros assessores de Flávio citados no relatório também foram convidados a depor no órgão.

Investigado

Na sexta, o Ministério Público afirmou que Flávio Bolsonaro não consta como investigado na portaria que instaurou o procedimento de apuração criminal. No entanto, disse que isso não impede que o senador eleito possa se tornar alvo da apuração. Até a segunda (14), ele sustentava que não era investigado, argumento usado para faltar a depoimento.

Entretanto, a defesa posteriormente passou a tratá-lo como investigado, inclusive no pedido ao Supremo. Com esse argumento, a reclamação afirma que os atos de procuradores deveriam ter passado pela Corte, por envolver um parlamentar eleito. “Até o dia 7 de janeiro, não sabia que estava sendo investigado“, afirmou Flávio em entrevista.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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